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GS1 Global Fórum: Painel internacional debate sustentabilidade

Foto Shutterstock

Especialistas e representantes de várias empresas a nível mundial, a operar em sectores distintos, estiveram reunidos para discutir a sustentabilidade e a adoção de práticas sustentáveis que permitem tornar a cadeia de abastecimento mais eficiente, garantindo a circularidade, redução de emissões e otimização dos recursos.

Este foi o tema da sessão “Cross-Sector Sustainability Session”, que decorreu a 13 de fevereiro, no primeiro dia do Global Fórum da GS1, o evento anual global que reúne as 116 organizações-membro desta organização responsável pela implementação de standards que acrescentam valor às operações ao longo de toda a cadeia de abastecimento. O debate contou com a participação de representantes dos sectores da construção, moda, alimentar e da saúde.

A GS1 Portugal participou na apresentação introdutória da sessão, com a partilha do relatório de sustentabilidade, o primeiro desenvolvido por uma organização-membro da GS1, a nível mundial. Como destacou Marta Résio, gestora de comunicação da GS1 Portugal, a elaboração passará a ser obrigatória, a partir de 2023, para um universo mais amplo de médias empresas, ao abrigo da Diretiva de Reporte Corporativo de Sustentabilidade.

 

Digitalização

Das várias intervenções concluiu-se o impacto positivo da digitalização dos processos das empresas na sustentabilidade de toda a cadeia logística. Jan Bostrom, responsável de Sustentabilidade e Desenvolvimento de Negócio da SundaHus, empresa que fornece informação sobre materiais para o sector da construção, referiu que “o recurso a dados não só acrescenta valor a toda a cadeia, desde a construção à distribuição dos materiais, como ainda permite que todo o processo se torne mais eficiente. No caso da construção, é possível saber exatamente que tipo de componentes fazem parte dos materiais de fabrico e qual o impacto no ambiente, a médio e longo prazo. Se começarmos a olhar para esta componente, podemos revolucionar completamente o tipo de materiais que escolhemos. Para além disso, faz com que todos os fornecedores passem a escolher materiais mais sustentáveis. Este exemplo é aplicável desde a tinta utilizada para pintar os edifícios à forma como os materiais antigos podem ser reutilizados”, reforçando, assim, a importância da circularidade.

Jan Bostrom salientou ainda que os recursos necessitam de ser melhor geridos, nomeadamente no que toca ao sector da construção e manutenção de edifícios. “A indústria da construção é responsável por 5% a 12% das emissões de gases com efeito de estufa, incluindo não só a construção, como a gestão dos edifícios. Se ainda adicionarmos os resíduos, este valor sobe para 25%, o que demonstra ser um enorme desafio e faz da reciclagem e a circularidade temas fundamentais para discussão”.

 

Gestão dos recursos

Também a oradora Heidi Lyngstad, responsável do Departamento de Edifícios Sustentáveis na empresa norueguesa Ramboll, empresa de engenharia, arquitetura e consultoria focada na mudança sustentável, destacou a importância de uma melhor gestão dos recursos, permitindo inovar com soluções que se integram numa economia circular. “A implementação de standards ajuda-nos na identificação dos materiais a utilizar e permite-nos reunir dados e perceber como podemos construir melhor no futuro, que materiais utilizar, entre outros exemplos”.

Heidi Lyngstad referiu-se ainda ao acompanhamento que a GS1 tem feito das iniciativas comunitárias que visam a rastreabilidade e circularidade dos produtos e matérias-primas, enfatizando “o impacto positivo que estas iniciativas podem ter no ambiente e nos negócios”.

 

Acesso aos dados

Ao longo de todas as intervenções desta sessão dedicada à sustentabilidade, foi evidenciada a importância do acesso rápido e fácil aos dados. Em particular no sector da saúde, Karen Conway, ESG and Healthcare Value Global Healthcare Exchange (GHX), entidade que garante a colaboração ao longo da cadeia de valor de forma a promover a otimização do desempenho clínico e financeiro dos sistemas de saúde, acrescentou que “o facto de conseguirmos manter a rastreabilidade dos produtos no sector da saúde, como medicamentos e dispositivos médicos, e ao garantirmos que estes produtos respeitam os standards GS1, geramos uma enorme diferença na sustentabilidade dos sistemas hospitalares e, consequentemente, no trabalho dos profissionais de saúde e dos próprios doentes”.

Karen Conway mencionou ainda que, “no sector da saúde, para além dos ganhos do ponto de vista de sustentabilidade, pela rentabilização do tempo e dos demais recursos, estamos a falar numa diferença significativa na redução de erros na prescrição de medicamentos”.

A saúde contribui com 4% para a pegada carbónica total e, como destacou Karen Conway, “muito do impacto traduz-se em decisões médicas, como, por exemplo, qual o anestésico a utilizar. Existem gases anestésicos que contribuem largamente para a pegada carbónica no ambulatório e, se os profissionais de saúde tiverem acesso a esta informação, possível através da implementação de standards da GS1, podem tomar decisões mais conscientes e impactar positivamente o ambiente e continuar a prestar os melhores cuidados médicos aos seus doentes”.

 

Transformação da logística

O foco da conversa sobre o impacto no ambiente manteve-se no investimento na digitalização que possibilita a transformação da logística existente para processos mais viáveis para empresas e ambiente. A criação de uma nova forma de trabalhar com a integração de toda a componente logística será um passo transformador para a sustentabilidade, a curto, médio e longo prazo.

Kenny Lee, gestor de programa da RSPO – Roundtable on Sustainable Palm Oil, organização global que visa a promoção de uma cadeia de valor do óleo de palma mais sustentável, falou sobre o impacto de óleos vegetais no ambiente. Como sublinhou, o óleo de palma integra muitos dos produtos que se usam e consomem diariamente na alimentação, combustíveis, químicos e produtos de cuidados pessoais. “Metade dos produtos disponíveis nas superfícies comerciais europeias contém óleo de palma, o que demonstra não só a sua versatilidade, mas também a importância da criação de regulamentação e standards associados à sua comercialização e produção, para que este produto não tenha um impacto negativo no ambiente.

Reforçando que o tema da sustentabilidade é um tema chave nos países de produção desta matéria-prima, mas também nos países que o compram, Kenny Lee destacou que “as regulamentações e a implementação de standards é essencial para que as indústrias comecem a mudar para uma forma menos impactante para o ambiente, tornando-se mais eficientes. A regulamentação não só impacta o óleo de palma, mas todos os produtos que contêm este ingrediente, o que faz com que exista uma transformação em toda a cadeia”, referindo-se ainda à Europa como o continente que tem liderado pelo exemplo e influenciado positivamente outros países na criação e implementação de standards.

 

Moda

Heinz Zeller, diretor de sustentabilidade da Hugo Boss, falou sobre o impacto ambiental da indústria da moda. “O sector da moda ainda trabalha de uma forma muito tradicional, quer seja do ponto de vista da mão de obra, quer seja do ponto de vista de recursos utilizados, pelo que é essencial a criação de standards que possam beneficiar a comercialização e torná-la mais amiga do ambiente”.

Na sua intervenção, Heinz Zeller definiu também alguns pontos de melhoria. “Precisamos urgentemente de uma harmonização destes standards e da regulamentação em todo o mundo. O facto de cada país criar os seus próprios standards leva a que a cadeia de abastecimento crie um elevado grau de complexidade e se torne mais lenta e menos eficiente, o que causa um maior impacto ambiental. Ou mudamos todos ou, simplesmente, não vamos conseguir evoluir positivamente”.

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