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Grupos familiares portugueses cada vez menos dinásticos e mais exigentes

Mais de 80% dos acionistas líderes dos grupos familiares inquiridos defendem a meritocracia na escolha do CEO, que deverá ser o que melhores condições demonstrar para desenvolver o negócio e criar valor, quer seja membro da família ou não.

Esta é uma conclusão do primeiro estudo da ARBORIS junto dos maiores grupos de raiz familiar portugueses, que geram um volume de negócios anual de mais de 12 mil milhões de euros, que revela que a velha noção de dinastia nas empresas familiares nacionais é um mito. Esta visão materializa-se no facto de mais de metade (53,3%) dos inquiridos confirmar que existe uma clara separação de poderes entre o corpo acionista e a gestão executiva do negócio, com apenas 6,7% a considerar que esta separação formal não existe.

Tal não significa que as famílias não se envolvam ativamente na definição e decisão das opções estratégicas de negócio: três em cada quatro inquiridos consideram que existe uma intervenção razoável a muito intensa, o que a ARBORIS considera notável.

 

Vantagens

O estudo conclui, ainda, que para a esmagadora maioria das dezenas de personalidades inquiridas, mais de 85% num universo de líderes de grandes empresas de raiz familiar, o controlo familiar oferece claras vantagens, graças ao compromisso em assegurar uma visão de negócio consistente no longo prazo, por estarem libertos das exigências e interferências de curto prazo que a exposição a estruturas acionistas mais fragmentadas, onde convivem objetivos e perspetivas, muitas vezes, bastante diferentes e heterogéneas.

Esta vantagem assenta no facto de existir, na opinião dos líderes inquiridos, uma forte coesão entre os acionistas dos seus grupos relativamente à estratégia e à governação da sociedade, considerada essencial ao crescimento e criação de valor dos negócios, para além dos níveis do legado recebido de gerações anteriores.

Existe, de facto, um nível de coesão forte ou mesmo muito forte no seio do núcleo acionista, dado que subsiste a consciência plena de que a força do grupo advém da sua unidade, mas esse alinhamento pode ser frágil, quando se constata que, em mais de metade dos grupos analisados (53%), os valores e princípios fundamentais não estão adequadamente assumidos pelos acionistas. Este panorama agrava-se quando se considera a família no seu todo, onde a falta de alinhamento é mais marcada, o que a experiência da ARBORIS explica poder ser devido a uma menor importância dada à vivência dos valores e princípios escritos (potenciando erosão da coesão acionista), o nível de intensidade da vivência entre acionistas e gestão executiva e, nalguns casos, uma transição geracional mal gerida, que cria choques no seio do foro acionista.

 

Comunicação

Em todo o caso, o alinhamento formal nos valores e princípios estará sempre intimamente ligado à qualidade da comunicação entre acionistas. Não constitui, por isso, surpresa que, de acordo com o estudo, a maioria dos líderes inquiridos (56%) reconheça que existem falhas de comunicação no seio do núcleo acionista.

Esta posição poderá estar ligada ao facto de dois terços dos grupos inquiridos assumirem que têm acionistas inativos, ou seja, acionistas que têm pouco ou nenhum envolvimento com os assuntos da família ou dos seus negócios. Na experiência da ARBORIS, estes acionistas não têm informação, não participam ativamente em reuniões de qualidade com a gestão e pouco ou nada contribuem para o futuro do grupo. Estão afastados da família e do grupo e, pelos riscos que tal coloca à perenidade da família e da coesão entre os membros de gerações vindouras, devem ser integrados ou afastados.

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