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A consultora criativa global VML apresentou em Lisboa, a 11.ª edição do estudo “The Future 100”, que aponta as 100 tendências emergentes que irão impactar os negócios, o consumo e a cultura global nos próximos anos.
A sessão foi conduzida por Marie Stafford, diretora global da VML Intelligence e coautora do relatório, perante uma plateia de profissionais da área do marketing, inovação e retalho.
Baseado num inquérito global a 13.961 consumidores em 14 mercados, o relatório destaca mudanças de mentalidade profundas impulsionadas pela instabilidade global, pelo avanço tecnológico, pela fadiga digital e por novas expectativas de bem-estar e propósito. A Geração Z, em particular, surge como força catalisadora destas transformações, a reconfigurar os valores dominantes e a desafiar modelos estabelecidos. “The Future 100 inaugura um ano de possibilidades, onde novas realidades estão a ser criadas, o potencial humano está a ser redefinido, a esperança de vida aumenta e uma nova economia criativa emerge graças aos avanços tecnológicos”, afirmam Marie Stafford e Emma Chiu, autoras do relatório.
Realidades alternativas: escape como reinvenção
Uma das grandes tendências apontadas é a construção ativa de realidades alternativas como resposta à incerteza. Segundo o estudo, 67% da Geração Z afirma gostar da ideia de escapar para uma realidade diferente com recurso à tecnologia, não apenas como fuga, mas como mecanismo de controlo e otimismo num mundo caótico.
Viver mais e melhor: a longevidade como estilo de vida
A procura por longevidade e autogestão da saúde deixam de ser apenas uma preocupação médica e transformam-se numa estética de vida. O relatório aponta tendências como centros clínicos domiciliares (tendência #85), com recurso a tecnologia e dados pessoais, bares de elixires (#43), que substituem cocktails por bebidas funcionais, e retiros “Blue Zone” (#23), que combinam hospitalidade e práticas de saúde centradas na longevidade.
Conexões à medida: do individualismo às novas comunidades
As novas formas de socialização e pertença incluem desde o aumento das viagens a solo (tendência #22) a formatos como saunas sociais (#82), espaços de bem-estar com dimensão comunitária, e comunidades agrícolas urbanas (#47), onde valores ecológicos e de cooperação estruturam novas formas de habitar.
Destaca-se ainda o conceito de Otherhood (#9), uma redefinição da identidade feminina em que mulheres e pessoas não-binárias constroem redes de afeto e apoio fora da maternidade tradicional, valorizando laços platónicos e famílias escolhidas.
Criatividade democratizada: todos nascem criadores
Com 76% dos inquiridos a afirmar que a IA nunca substituirá a criatividade humana, o relatório mostra como as ferramentas de inteligência artificial estão, ainda assim, a democratizar a criação. A explosão de conteúdo digital deu origem à “Economia do Curador” (#13), em que os influenciadores e líderes de tendências ajudam a navegar o excesso de estímulos, separando o ruído da relevância.
Marcas desafiadas por um consumidor com propósito
Quase 70% dos consumidores afirma estar ativamente a procurar ter menos coisas, revelando um novo pragmatismo consciente nas decisões de compra. A prioridade recai na saúde, bem-estar e experiências com propósito. As marcas que queiram manter relevância devem responder a este novo contexto com propostas claras de valor, autenticidade e integração de impacto social e ambiental.
Estas tendências refletem um consumidor mais exigente, informado e tecnologicamente capacitado, desafiando as marcas a inovarem não só nos produtos, mas também nos valores que comunicam.