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A Comissão Europeia vai apresentar, esta sexta-feira, dia 28 de março, um novo pacote de medidas de apoio ao sector vitivinícola, com o objetivo de dar resposta aos múltiplos desafios que têm vindo a afetar esta fileira estratégica da economia europeia.
O anúncio foi feito por Christophe Hansen, comissário europeu da Agricultura, no final da reunião dos ministros da Agricultura e Pescas da União Europeia, realizada em Bruxelas. “Trabalhámos com celeridade para apresentar medidas que aliviem, ainda que parcialmente, o sector e permitam aos viticultores gerir a produção de forma mais flexível”, afirmou.
Sector sob pressão
O comissário sublinhou a importância económica do sector do vinho, mas que atualmente enfrenta mudanças profundas nos hábitos de consumo, uma crescente exposição às alterações climáticas e uma volatilidade crescente nas exportações.
O momento escolhido para este pacote não é inocente: os Estados Unidos ameaçaram aplicar tarifas de 200% sobre os vinhos e bebidas alcoólicas europeias, caso a União Europeia mantenha o agravamento de 50% sobre o whisky norte-americano, anunciado em resposta aos 25% de tarifas impostas pelos Estados Unidos sobre o aço e alumínio europeus.
A Comissão Europeia já adiou a entrada em vigor do seu novo tarifário até meados de abril, numa tentativa de criar margem para negociações. Christophe Hansen defende uma solução negociada. “Prefiro que voltemos à mesa de negociações, em vez de comunicarmos medidas via X ou outros meios. A ninguém interessa ter tarifas elevadas: isso alimenta a inflação e não beneficia os consumidores nem a economia”, frisou o comissário, deixando claro o compromisso europeu com uma solução construtiva. “O tango dança-se a dois e nós estamos comprometidos com o tango”.
Guerra comercial
Este novo pacote de apoio surge num contexto particularmente delicado para o sector, fortemente exposto à ameaça de uma guerra comercial transatlântica. A possibilidade dos Estados Unidos aplicarem tarifas de 200% ao vinho europeu representa um risco real para as exportações e para a competitividade internacional da fileira. Portugal, cujo mercado norte-americano representa cerca de 102 milhões de euros em exportações de vinho, poderá ser significativamente afetado por estas medidas.
Tal como a Grande Consumo já noticiou, trata-se de um cenário que não terá vencedores, podendo afetar gravemente sectores estratégicos como o vinho, os produtos farmacêuticos e a indústria automóvel.