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“Em Portugal, o Groupe SEB é líder inequívoco de mercado”

O Groupe SEB detém a liderança consolidada a nível mundial no mercado de pequenos eletrodomésticos. Liderança que é replicada e foi reforçada no mercado português, com um crescimento de dois dígitos nos primeiros seis meses do ano. Inovação e foco no consumidor são os pilares de uma estratégia onde a sustentabilidade é, de igual modo, determinante. E a prova disso são os 10 anos de reparabilidade sobre os seus produtos. Garantia de qualidade de um grupo que, a cada sete segundos, vende um produto em 150 países. Uma importante viragem industrial, logística, de marketing e de comunicação, como nos conta Patrícia Parracho, Marketing Manager do Groupe SEB em Portugal.

Grande Consumo – Moulinex, Tefal, Krups, Rowenta, WMF, EMSA… Com as suas marcas, o Groupe SEB é o líder mundial no mercado de pequenos eletrodomésticos e tem vindo, ano após ano, a apresentar resultados positivos. No primeiro trimestre, o crescimento foi de 11,5%. A que se deve o sucesso e desempenho do grupo?
Patrícia Parracho –
O Groupe SEB é um fabricante com liderança consolidada a nível mundial, mas que aposta constantemente na inovação, sendo esta uma das grandes responsáveis pelo crescimento do grupo. Para além disso, estamos sempre atentos às novas tendências e oportunidades de mercado, que exploramos, não só através da inovação, como também através da aquisição de novas empresas ou marcas, como foi o caso recente das duas empresas alemãs EMSA e WMF.

GC – Este desempenho mundial encontra-se espelhado também nos resultados da operação nacional?
PP –
Sim, em Portugal o Groupe SEB é também líder inequívoco de mercado, duplicando o valor de quota de mercado do segundo “player”, de acordo com o painel da GfK. Em Portugal, apresentámos um crescimento de dois dígitos, no primeiro semestre de 2017, à semelhança do grupo a nível mundial. De salientar ainda que Portugal tem a segunda maior quota de mercado mundial, logo a seguir à nossa casa mãe, França.

GC – Até que ponto pode o Groupe SEB continuar a crescer, tendo em conta que muitos mercados onde se encontra presente já atingiram ou estão a atingir a maturidade? A resposta está na inovação?
PP –
O crescimento continua a ser um dos objetivos principais do Groupe SEB, o qual procuramos atingir através da exploração de novas oportunidades, como novos mercados geográficos (mercados emergentes) ou novos segmentos de mercado onde não estamos presentes. Mas também, e como já mencionado anteriormente, muito com aposta na inovação, um pilar fundamental do ADN do Groupe SEB.
A forte aposta em inovação e, ao mesmo tempo, em comunicação permite ao grupo crescer mesmo nos mercados maduros, como é o caso dos europeus, e ao mesmo tempo ser um “player” fundamental para o desenvolvimento do mercado de pequenos eletrodomésticos.

GC – Quais dos vossos produtos são hoje os motores do vosso crescimento a nível mundial?
PP –
Os “key products”, ou seja, aqueles que podemos considerar motores de crescimento, variam de mercado para mercado e um dos grandes fatores de sucesso do grupo é saber adaptar-se à realidade e exigências de cada mercado, quer seja através do tipo de produtos, quer seja através da aquisição de marcas locais.
No entanto, existem alguns produtos inovadores que são referências e grandes motores de crescimento a nível mundial, como, por exemplo, o robot de cozinha Cuisine Companion, a fritadeira com pouco óleo Actifry, o grelhador inteligente Optigrill, a nova gama de aspiradores 4AAAA, etc.

GC – Em que áreas está a SEB atualmente a apostar? De que modo a inovação é pensada no seio do grupo?
PP –
Estando o grupo muito atento às tendências e preferências dos consumidores, uma das grandes apostas vai no sentido do desenvolvimento de produtos inteligentes e conectáveis. Acreditamos que a digitalização é o futuro. Por outro lado, também promovemos cada vez mais a sustentabilidade e temos esse aspeto em consideração no desenvolvimento e reparação dos nossos produtos.

GC – Tendo em consideração a filosofia da SEB, qual é a grande missão da tecnologia: pensar o futuro ou melhorar a qualidade do presente?
PP –
Sendo o Groupe SEB o líder de mercado a nível mundial, não nos contentamos apenas com um dos eixos. Assim, diria que, para nós, enquanto grupo que aposta na inovação, a tecnologia procura, sem dúvida, pensar o futuro (e prova disso é a nossa grande aposta no desenvolvimento de produtos conectáveis), melhorando a qualidade do presente (procuramos simplificar o dia-a-dia das tarefas domésticas e promover o bem-estar).

GC – Essa melhoria da qualidade de vida no presente pode ser também endereçada através da oferta de serviços de valor acrescentado. Recentemente, ficámos a saber que a SEB irá oferecer 10 anos de reparabilidade sobre os seus produtos. O que motivou esta oferta? É uma forma de se anteciparem a uma eventual legislação? É também uma forma de responsabilidade social?
PP –
Antecipando-se a qualquer tipo de legislação, a responsabilidade social sempre esteve nas preocupações do Groupe SEB, estando esta assente em vários pilares. Os 10 anos de reparabilidade são a materialização de um desses pilares, o qual vem sendo trabalhado ao longo de vários anos.
Como líder de mercado, com um produto vendido a cada sete segundos em 150 países, o Groupe SEB, através das suas marcas, está consciente das suas responsabilidades e promove a reparabilidade dos seus produtos por forma a garantir uma maior longevidade dos mesmos. A reparação não altera a qualidade dos produtos e limita o impacto ecológico dos resíduos.

GC – De acordo com um Eurobarómetro de 2014, 77% dos consumidores europeus preferem reparar os seus produtos em vez de os substituir por novos, mas acabam por ser obrigados a substituí-los ou a deitá-los fora porque os custos e os serviços de reparação são desencorajadores. Esta é uma situação que, passados três anos, ainda se verifica? Vivemos uma época de consumo rápido também nos eletrodomésticos, não obstante a mudança de mentalidades protagonizada pela crise?
PP –
Embora nos anos de crise se tenha assistido a um crescimento da reparação versus a compra em termos de eletrodomésticos, penso que podemos dizer que, nos dias de hoje, ainda assistimos a uma época de consumo rápido. No entanto, com a crescente preocupação das novas gerações de consumidores com a sustentabilidade do planeta, acreditamos que tal vai mudar no futuro e, como é nosso apanágio, gostamos de estar na liderança dos processos de mudança dentro do nosso sector.

GC – Como pode a SEB oferecer estes 10 anos de reparabilidade sem prejudicar a rentabilidade das suas operações e de uma forma acessível para o consumidor, tendo em conta que vende um produto a cada sete segundos em 150 países? Os produtos vão sofrer algum realinhamento de preços?
PP –
Não vai haver qualquer realinhamento de preço, nem qualquer penalização para o consumidor. Com este projeto de 10 anos de reparabilidade, que como disse vem sendo trabalhado há vários anos, o Groupe SEB tem vindo a conceber os seus produtos por forma a que possam ser reparados a longo prazo e a um custo reduzido, mesmo após o prazo de garantia, sendo que deverá ser esta a primeira opção do consumidor antes de pensar em substituir o seu produto.

GC – Para poderem propor estes 10 anos, que mudanças tiveram de efetuar ao nível industrial, de organização departamental, de I&D e de logística?
PP –
Para tornar esta estratégia possível, o Groupe SEB compromete-se em manter, durante uma média de 10 anos após a compra, todas as peças da quase totalidade dos seus produtos. É de notar que mais de 95% dos produtos comercializados pelo Groupe SEB na Europa, em 2016, são reparáveis a um custo razoável, dos quais, 22% têm apenas no máximo uma ou duas peças indisponíveis. Para garantir este serviço, as peças estão armazenadas em França (40 mil referências armazenadas em 15 mil metros quadrados, para serem distribuídas na Europa), para que possa ser efetuada qualquer reparação ao menor custo possível. O custo de uma peça deverá ser inferior a metade do custo da substituição de um produto.
Para além de armazenar peças, o departamento de Investigação e Desenvolvimento está a investir em tecnologias aditivas de fabrico (para as peças fabricadas em plástico), recorrendo a impressoras profissionais em 3D, que estão a ser testadas com cerca de 40 referências de peças.
Atualmente, o Groupe SEB é o único fabricante que se reorganizou a todos os níveis, começando pelo comité executivo, para oferecer serviços de reparação a longo prazo dos seus produtos. A empresa, através das suas marcas, espera poder oferecer uma segunda oportunidade a cerca de 75% dos seus produtos e duplicar as quantidades de produtos reparados após o prazo legal de garantia, evitando, desta forma, gerar 13 mil toneladas de resíduos elétricos e eletrónicos na Europa.

GC – Como é que isso vai afetar a atividade dos vossos concessionários a nível nacional?
PP –
Contamos, a nível nacional, com uma rede alargada de cerca de 120 serviços de assistência técnica qualificados e que estão altamente preparados para fazer face a esta realidade.

GC – A economia circular é algo em que acreditam e promovem?
PP –
Claro que sim. Nesta busca pela promoção da sustentabilidade, promovemos não só a reparabilidade dos nossos produtos, mas também a possibilidade de reciclagem dos mesmos. Desde o início que somos membros fundadores da Amb3EEE, uma das entidades responsáveis pela reciclagem de resíduos elétricos e eletrónicos no nosso país e, por exemplo, recentemente, fizemos uma campanha de trocas em aspiradores, juntamente com esta entidade e parceiros da distribuição, em que incentivámos o consumidor a entregar o seu aparelho antigo para ser reciclado e, como contrapartida, damos um benefício na aquisição do novo aparelho.

GC – As novas tecnologias têm permitido construir verdadeiros ecossistemas em torno da comida. De que modo a SEB está a responder a todas estas novas tendências de consumo através das suas várias marcas?
PP –
O Groupe SEB procura estar sempre atento e tenta antecipar as novas tendências de mercado e estes novos “ecossistemas” em torno da comida não são exceção. Ao longo dos últimos anos, temos lançado inúmeros produtos inovadores e tecnológicos que ajudam o consumidor a desempenhar as suas tarefas na cozinha, quer seja ao facilitar as mesmas, quer seja ao promover a confeção de receitas mais saudáveis ou mais elaboradas, dignas de um “verdadeiro chef”.

GC – Seniores, Millennials, Geração Z… O vosso portfólio é atrativo para todas estas gerações de consumidores?
PP –
Eu diria que sim. O nosso portfólio e a tradição das nossas marcas agradam e procuram responder às necessidades dos vários públicos-alvo. Por exemplo, na Moulinex, temos um leque alargado de produtos de cozinha que vão desde a tradicional e mítica Picadora 123 até ao mais recente robot de cozinha multifunção conectável, a I-Companion.

GC – Que novas necessidades detetam no mercado e de que modo estão a preparar as vossas marcas para as suprir?
PP –
Um verdadeiro cliché nos dias de hoje, mas absolutamente incontornável, é a “digitalização”. Assim, também para nós este tem sido um objetivo de desenvolvimento nos últimos anos, quer seja ao nível do desenvolvimento de produtos conectáveis, mas também do desenvolvimento de conteúdos e serviços digitais que tornam as nossas marcas mais próximas e relevantes para o consumidor atual.

GC – Recentemente, foi conhecido que a Tefal vai lançar a primeira frigideira inteligente do mercado. Que produto é este? Quando vai chegar ao mercado?
PP –
A Tefal sempre se distinguiu pela introdução de produtos inovadores e tecnológicos, como, por exemplo, a primeira fritadeira sem óleo (Actifry) e o primeiro grelhador elétrico inteligente (Optigrill). Também as nossas frigideiras sempre contaram com elevados padrões de exigência, qualidade, tecnologia e inovação, como, por exemplo, a presença do Thermo-Spot, um indicador de temperatura ótima para iniciar os cozinhados. A última inovação passa, mais uma vez, por colocar a tecnologia ao serviço do consumidor com uma frigideira inteligente que o ajuda a obter resultados sempre perfeitos. O lançamento deste produto no mercado nacional ainda não tem data confirmada.

GC – A Internet das Coisas tem também lugar na área mais tradicional do ménage?
PP –
Obviamente que sim. Atualmente, qualquer produto ou serviço que não esteja presente na Internet, nem que seja ao nível de conteúdos e comunicação, é um produto que não existe, pelo menos aos olhos do “consumidor moderno”.

GC – Que objetivos têm traçados para o mercado português este ano? Que ações vão implementar e que novidades vão lançar?
PP –
O nosso objetivo para este ano é continuar a crescer e a consolidar a nossa sólida liderança de mercado em pequenos eletrodomésticos, passando sempre pela aposta no lançamento e comunicação de produtos inovadores em estreita parceria com os nossos parceiros da distribuição. No nosso entender, a inovação e a comunicação são formas de trazer valor acrescentado ao mercado e é isso mesmo que procuramos fazer.

GC – Como vê o futuro da vossa área de negócio? Quais as vias para o crescimento? Como vê a evolução da distribuição? O que esperam do consumidor e o que pode o consumidor esperar de vós?
PP –
O futuro da nossa área de negócio passa um pouco por tudo aquilo que temos vindo a falar, ou seja, continuarmos a apostar na inovação e na digitalização, em estreita colaboração com os nossos parceiros da distribuição e cada vez mais virados para o consumidor, procurando estreitar ao máximo a ligação com o mesmo.

Esta entrevista foi publicada na edição n.º 47 da Grande Consumo.

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