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Numa demonstração significativa de descontentamento com o aumento dos preços dos alimentos e o agravamento do custo de vida, consumidores de vários países dos Balcãs uniram-se num boicote aos supermercados.
Iniciado na Croácia, a 24 de janeiro, o movimento rapidamente se espalhou para os países vizinhos, incluindo a Bósnia e Herzegovina, Montenegro, Macedónia do Norte e Sérvia, culminando numa ação coordenada a 31 de janeiro.
Expansão do movimento
O grupo de consumidores croata Halo, Inspektore foi o precursor desta iniciativa, convocando inicialmente um boicote de um dia que resultou numa redução de 44% nas transações dos supermercados e numa queda de 53% nas vendas totais, de acordo com dados das autoridades fiscais croatas.
A eficácia desta ação inspirou consumidores em países vizinhos a adotarem medidas semelhantes, utilizando as redes sociais para mobilização e partilha de informações.
Principais reclamações
Uma das principais queixas dos participantes do boicote é a discrepância de preços entre produtos vendidos localmente e os mesmos disponíveis em países vizinhos ou da União Europeia. Muitos consumidores relataram que produtos idênticos, inclusive aqueles produzidos domesticamente, são vendidos a preços significativamente mais altos nos seus países de origem.
Além disso, na Croácia, observou-se um aumento médio de 30% nos preços dos alimentos nos últimos três anos, com bens essenciais, como ovos e pão, a registarem aumentos ainda maiores. A adoção do euro pela Croácia também foi apontada por grupos de consumidores como um fator que contribuiu para a elevação dos preços.
Respostas
Em resposta às manifestações, o governo croata ampliou a lista de produtos essenciais com preços controlados para um total de 70. Vários retalhistas também implementaram reduções e congelamentos de preços, numa tentativa de apaziguar os consumidores.
Na Sérvia, a associação de consumidores Efektiva incentivou a participação no boicote, destacando o poder da ação coletiva para influenciar tanto os retalhistas quanto o governo. A Câmara de Comércio da Sérvia reconheceu as preocupações dos consumidores, mas enfatizou a necessidade de intervenção estatal e colaboração entre todas as partes interessadas.
Dados indicam que, embora os preços dos alimentos na Sérvia estejam próximos da média da União Europeia, os salários no país são significativamente mais baixos, obrigando os consumidores a destinar uma parcela maior do seu orçamento para a alimentação.
Em Montenegro, o primeiro-ministro Milojko Spajić expressou apoio público ao boicote, enquanto grandes redes de retalho anteciparam a ação oferecendo reduções temporárias de preços em diversos produtos.
Na Macedónia do Norte, o partido governante VMRO-DPMNE apoiou a campanha de boicote.