Apesar dos receios de que o Q-Commerce fosse apenas uma tendência passageira, resultante da pandemia, a verdade é que o sector está a crescer mais forte do que nunca. Espera-se, mesmo, que, até 2028, atinja um volume de mercado a rondar os 250 mil milhões de dólares.
Há uma regra comum a qualquer atividade comercial: a sua sobrevivência deve-se à capacidade de corresponder às necessidades dos consumidores, ao proporcionar experiências de qualidade e, acima de tudo, conveniência.
Esta é uma evidência facilmente comprovável através do Q-Commerce. O crescimento dos serviços de entregas rápidas verifica-se, por exemplo, através do aumento de 40% de pedidos não relacionados com comida, isto ao longo de 2023. É também curioso verificar que, só este ano, o crescimento de entregas rápidas em multicategorias, como flores, livros, alimentação para animais de estimação e até brinquedos sexuais, já tenha ultrapassado os 50%.
Esta é mesmo uma enorme oportunidade para os retalhistas que procuram formas de atrair novos consumidores, à a que o clima económico começa, finalmente, a recuperar.
Mas como é que as empresas garantem que os seus clientes obtêm, de forma célere, tudo aquilo que pretendem? E encontram-se preparadas para a expansão – cientes das áreas onde continuarão a crescer?
Takeaways de takeaways
Embora não seja uma criação da pandemia, o Q-Commerce teve, neste período, o catalisador que o levou a tornar-se num pilar na vida da maioria das pessoas. A entrega rápida tornou-se cada vez mais flexível, para se adequar a estilos de vida ocupados e horários em constante mudança, subproduto da evolução do trabalho híbrido.
Com isso, os hábitos de compra mudaram, para corresponder a esse novo modo de vida, com foco crescente em itens não alimentares, como produtos de bem-estar e higiene pessoal. Por exemplo, os pedidos efetuados na categoria de parafarmácia e beleza (sem prescrição médica) aumentaram 252% só em 2023, a nível global, o que demonstra maior consciencialização dos consumidores para adquirir bens essenciais de acordo com os seus horários. E vai crescer ainda mais em 2024, com o crescimento exponencial da importância da conveniência, da velocidade de resposta e do aumento da oferta disponível pelos estabelecimentos comerciais.
Mais categorias a disponibilizar aos consumidores
À medida que o Q-Commerce adquire um hábito-padrão entre os consumidores, surge também um potencial diversificador da gama de produtos, bem como dos respetivos retalhistas. A cosmética é um excelente exemplo de um sector que já atingiu uma maturidade que lhe permite adotar o Q-Commerce como uma estratégia de entrega. Com a grande evolução verificada nesta categoria, é possível aos clientes escolher via online os bens que desejam e recebê-los em minutos, não dias.
A eletrónica é outra vertical de produtos a considerar. Se, por exemplo, um consumidor perder o cabo de carregamento do seu telemóvel, as plataformas podem ligá-lo a uma empresa local e adquirir o substituto antes sequer de precisar de se preocupar com o fim da bateria.
Em 2024, num mundo onde as novas tecnologias são cada vez mais relevantes no relacionamento entre pessoas e empresas, é fundamental encontrar respostas para um dos grandes desafios que se levantam aos retalhistas locais, a sua capacidade de digitalizar as lojas. Pois, como consequência de uma digitalização bem-sucedida, podem aproveitar as oportunidades que o conceito de Q-Commerce lhes oferece, o que permitirá, desde logo, fazer parte de uma cadeia de abastecimento que visa entregar produtos aos clientes numa questão de minutos.
Tudo isto será uma realidade, se os retalhistas locais tiverem ao seu alcance os meios para produzir localmente. Este pode assumir-se como o divisor de águas a adotar para serem mais reativos e ganhar uma vantagem competitiva sobre empresas muito maiores, mas que, simplesmente, não conseguem atuar de forma tão imediata.
Ou seja, à medida que a variedade de produtos disponíveis aumenta, há cada vez mais oportunidades para impulsionar o crescimento económico local.
Este artigo foi publicado na edição N.º 87 da Grande Consumo