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Alemães compram menos 7,7% de alimentos para suportar a subida dos preços nos supermercados

Durante os primeiros meses das subidas de preços, o comportamento do consumidor alemão mudou apenas superficialmente. As poupanças acumuladas durante os longos meses da pandemia, nos quais a atividade económica foi consideravelmente reduzida, serviram de almofada e de meio para levar a cabo compras e projetos atrasados. Mas essa almofada acabou e a mudança nos hábitos de consumo ocorre agora de uma forma radical e está a afetar os sectores onde os aumentos de preços são mais pronunciados. Num mês, de março a abril, o volume de negócios dos supermercados sofreu um colapso de 7,7%, de acordo com a agência federal de estatística alemã Destatis, citada pelo El Confidencial.

Globalmente, as vendas a retalho alemãs caíram 4,7% em comparação com o mês anterior. “As vendas reais atingiram o nível mais baixo desde fevereiro de 2021“, relata a Destatis. Para este período, os economistas tinham esperado um declínio médio de apenas 0,2%, mas, na realidade, trata-se da “maior queda mensal nas vendas desde que a série cronológica começou, em 1994“.

 

Inflação

Ninguém duvida que a causa desta mudança nos padrões de consumo se deve à inflação: 7,9%, o nível mais alto desde os anos 70. O ministro das Finanças Robewrt Habeck prevê que os preços não vão a descer durante, pelo menos, um ano e continuarão até a subir. Os analistas esperam que a inflação continue a aumentar para acima dos 10%, até ao final do ano.

O comércio alemão está também a ser sobrecarregado por problemas nas cadeias de abastecimento. Enquanto, em abril, 6,1% das empresas declarou-se afetado por este problema num inquérito do instituto Ifo, em maio, a percentagem foi de 80,1%.

A federação de agricultores renovou a sua exigência de preços mais elevados dos alimentos. “Precisamos urgentemente de maiores receitas de vendas, para podermos continuar a fazer negócios“, justifica o presidente, Joachim Rukwied, falando em nome de um sector que está a ser duramente atingido pelo aumento dos preços da energia. “Estes aumentos maciços de custos não podem ser suportados apenas pelos agricultores, devem também ser transferidos para os consumidores“, diz.

Tendo em conta a elevada taxa de inflação, muitos clientes estão a tornar-se mais sensíveis aos preços, confirma um porta-voz da Edeka. “Estamos a descobrir que a maioria está a mudar de produtos de marca para as marcas próprias“.

 

Preços

O Aldi, que nos últimos anos tinha investido em lojas mais atrativas e em questões como o bem-estar animal, decidiu agora concentrar-se, novamente, nas marcas próprias na sua comunicação, diz a plataforma ABC, enquanto o Lidl lançou uma campanha na qual dá prémios para compras gratuitas.

O preço é novamente o argumento principal, se não o único. Os produtores de ovos relatam, por exemplo, que quase não há procura de ovos biológicos e de criação ao ar livre, o que prejudica os agricultores que produzem com padrões mais elevados. A carne de origem biológica está também a revelar-se difícil de vender.

A Associação Alemã de Retalhistas (HDE) registou menos 20% de visitas nas lojas em maio. “O comércio retalhista permanece em modo de crise. Embora a pandemia ainda não tenha terminado, o impacto económico da guerra russa na Ucrânia coloca desafios adicionais para o sector, que ainda não sabemos como resolver, porque o consumidor tem vindo a comprar significativamente menos do que antes“, explica o CEO da HDE, Stefan Genth.

E esta tendência também afeta o comércio online, que durante a pandemia não sofreu uma crise, mas sim um aumento das vendas. A retalhista de moda Zalando, por exemplo, relatou, pela primeira vez, no primeiro trimestre, que o seu volume de negócios não aumentou em comparação com o ano anterior.

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