União Europeia
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BCE alerta para riscos de uma escalada protecionista e nota tendência crescente de preferência por produtos não americanos

Consumidores e empresas começam a privilegiar alternativas não norte-americanas

O Banco Central Europeu (BCE) alertou para o potencial impacto negativo de uma nova vaga de tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos, não apenas sobre o comércio global, mas também sobre as preferências dos consumidores e as estratégias de compra das empresas.

De acordo com o mais recente artigo publicado no blogue oficial da instituição, começa a notar-se uma mudança nas escolhas dos consumidores europeus, que passam a favorecer fornecedores e marcas não americanas, numa resposta tanto a motivações económicas como geopolíticas.

 

Pressões protecionistas impulsionam mudanças de comportamento

As tarifas impostas por Washington sobre produtos importados, especialmente oriundos da Europa e da China, geram efeitos secundários no comportamento do mercado, como destaca o BCE.

Num contexto de maior instabilidade, as empresas da área do euro estão a ajustar cadeias de abastecimento, evitando fornecedores dos Estados Unidos, para não ficarem expostas a novos choques tarifários. Em paralelo, cresce a valorização por produtos locais ou de países com acordos comerciais mais estáveis com a União Europeia.

O BCE refere também sinais de que os consumidores estão cada vez mais atentos à origem dos produtos, optando por alternativas europeias ou de países parceiros. Esta “reorientação das preferências de consumo” poderá ter implicações estruturais para o comércio internacional.

Esta reorientação é também abordada na edição n.º 92 da Grande Consumo, onde se analisa o papel crescente da autonomia estratégica da União Europeia no comércio global e o surgimento de movimentos como o BuyFromEU, em que comprar europeu se torna um ato económico, político e de resiliência, com impacto direto na competitividade, emprego e sustentabilidade regional.

 

Impacto económico na área do euro pode ser significativo

As consequências destas políticas protecionistas não se limitam ao plano simbólico ou comportamental. O BCE destaca riscos concretos para a economia da área do euro, como uma menor competitividade das exportações europeias para os Estados Unidos, o aumento dos custos de produção com importações mais caras, a redução do investimento empresarial devido à incerteza e o abalo da confiança empresarial e diminuição do consumo interno.

“Se as medidas comerciais levarem a uma nova escalada de tensões, o impacto será visível nas exportações líquidas, no investimento e na procura agregada”, lê-se na publicação do BCE.

 

Resposta da política monetária continuará a ser cautelosa

Apesar do abrandamento da inflação e da perspetiva de cortes nas taxas de juro, o BCE sublinha que monitoriza com atenção os desenvolvimentos geopolíticos e comerciais, que podem alterar rapidamente o cenário macroeconómico.

A instituição deixa claro que continuará a ajustar a sua política monetária com base em dados, mas alerta para o facto de que uma escalada protecionista poderá comprometer a recuperação económica da Europa, precisamente numa fase de reequilíbrio pós-pandemia.

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Por Carina Rodrigues

Responsável pela redacção da revista e site Grande Consumo.

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