Ao longo destes dois anos de pandemia, foram reveladas e aceleradas várias tendências que estão a desempenhar um papel importante na formação da atual e futura economia global. Durante este período, as empresas foram obrigadas a adaptar-se a diferentes mudanças de mercado e dos consumidores, mas na era pós-Covid, também apelidada de novo normal, terão de repensar completamente o funcionamento dos seus negócios.
Assim o indica a McKinsey no seu relatório “What matters most? Five priorities for CEOs in the next normal”. O documento é uma compilação de insights, inquéritos, estudos e análises realizados pela consultora, a nível global, ao longo de 2021, e detalha as cinco principais tendências que os líderes empresariais terão de ter em consideração.
Foco na sustentabilidade
Nos últimos meses, muitas empresas tomaram medidas significativas com o objetivo de produzir bens e serviços e de realizar a sua atividade comercial com o mínimo de prejuízo para o ambiente. A preocupação dos consumidores com a emergência climática e o aumento da regulamentação fez com que a sustentabilidade se tornasse em mais do que apenas um chavão. Garantir a sustentabilidade já é algo tão intrínseco e fundamental para os negócios, como os esforços de digitalização ou o desenvolvimento de estratégias de crescimento.
A McKinsey sublinha que a sustentabilidade é uma importante vantagem competitiva, a longo prazo, desde que esteja integrada na estratégia corporativa. Para isso, tem de se tornar uma questão de toda a organização, com a direção sénior a liderá-la.
Transformação na Cloud
O potencial da tecnologia Cloud para gerar valor tem vindo a ser evangelizado, mas agora, como resultado da crescente digitalização e deslocalização de atividades, os seus frutos em inovação e produtividade estão a ser realmente palpáveis. Ao permitir uma maior rapidez e escalabilidade para as empresas, a Cloud será um fator indispensável para o desenvolvimento de negócios no novo normal.
No entanto, tirar o máximo partido das soluções exigirá, entre outros aspetos, o estabelecimento de um propósito e a formação de talento humano. Nesse sentido, a consultora aponta três áreas-chave em que cada organização deve trabalhar para adotar, com sucesso, um modelo de atividade apoiado pela Cloud: estabelecer um modelo de financiamento sustentável, para apoiar os investimentos necessários para obter o valor do negócio a partir da nuvem; desenvolver um novo modelo de operação de tecnologia empresarial, que alavanca a nuvem para velocidade, agilidade e escalabilidade eficiente; e implementar os recursos humanos, as políticas de compensação e localização necessárias para atrair e reter os talentos especializados de engenharia necessários para operar na Cloud.
Cultivar talento
O talento é o recurso natural mais importante e o elemento que faz a diferença no desenvolvimento de uma organização. As empresas do futuro não devem assemelhar-se às que operavam em 2019, mas devem ser mais flexíveis, menos hierárquicas e mais diversas.
Assim, de acordo com a McKinsey, as empresas que navegam com sucesso no panorama atual serão aquelas que formam as suas equipas, implementam uma cultura de talento baseada em competências e preenchem as lacunas com formação, conhecimento e desenvolvimento. Em tudo isto, o departamento de recursos humanos desempenhará um papel decisivo.
Acelerar
A pandemia forçou as organizações, independentemente da sua dimensão, a moverem-se rapidamente. O mercado atual exige a manutenção dessa velocidade, que deve ser incorporada e integrada nas empresas de forma orgânica e fluida.
Mas, alerta a consultora, não se trata apenas de acelerar o motor mais rapidamente, mas de o conceber para funcionar de forma mais eficiente e inteligente. A este respeito, entre outros aspetos, oferece quatro aprendizagens básicas do que tem sido experimentado, nos últimos meses, e que caracteriza essas organizações resilientes: investir tempo no desenvolvimento de objetivos claros e na definição de estratégias para as organizações, estabelecer equipas pequenas e orientadas para os resultados, com autonomia para tomar decisões que impulsionem o impacto positivo, dedicar tempo a treinar equipas e a reconhecer o trabalho dos colaboradores e adotar e implementar novas tecnologias de colaboração.
Agir com propósito
O propósito deve ser entendido como uma prioridade e como uma vantagem competitiva. Além de ser um elemento ligado à reputação e à imagem, de acordo com McKinsey, é um fator ligado à produtividade e à retenção de talento. As empresas que atuam de acordo com um propósito conseguem melhores resultados, especialmente a longo prazo, e os colaboradores que se identificam com o propósito da empresa são mais leais.
O propósito deve ser sistémico e racional, mas também emocional. Para isso, a McKinsey propõe focar no 5 Ps: portfólio e produtos, pessoas e cultura, processos e sistemas, performance e posições e compromissos.