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Volume das cestas de compras dos portugueses é o menor dos últimos quatro anos

Aumento dos preços afeta poder de compra dos portugueses

Foto Shutterstock

O aumento dos preços dos produtos no sector do grande consumo, devido à inflação e às consequências do conflito na Ucrânia, está a ter impacto nas compras dos portugueses. De acordo com o estudo realizado pela Kantar e analisado por aquela consultora de mercado e pela Centromarca – Associação Portuguesa de Empresas de Produtos de Marca, o volume das cestas é o menor dos últimos quatro anos, ao registar uma quebra de 2,8% no primeiro trimestre, face ao período homólogo de 2019.

Considerando o mesmo período evolutivo nos vários segmentos, observa-se que quase todos são impactados por cestas ligeiramente mais pequenas, mas com um gasto maior. O único segmento que contraria esta tendência é o da higiene e beleza, que mantém a desvalorização que já era sentida nos períodos anteriores, com uma preferência por categorias de cuidado e um maior mix entre marcas de distribuição e marcas de fabricante. “Quando se analisa o início deste ano e se compara com o do ano anterior, assiste-se a uma perda inevitável, tanto em valor como em volume, uma vez que, no primeiro trimestre de 2021, estávamos confinados. No entanto, quando se compara o primeiro trimestre de 2022 com o homólogo de 2019, verifica-se que as cestas são mais pequenas, mas de maior valor. A frequência de compra mantém-se estável, com os jovens a serem o grupo que mais aumenta a regularidade de compra, como já vinha a acontecer”, explica Marta Santos, Sector Director da Kantar.

Crescimento das marcas da distribuição

Os números apresentados referem que 58% das categorias que aumentou o preço, apenas 31% perdeu compradores, incluindo categorias básicas como o arroz, azeite e margarinas.

O estudo da Kantar para a Centromarca destaca ainda o crescimento contínuo e acelerado das marcas de distribuição. Neste momento, a quota em valor situa-se nos 41,1%, tendo aumentado 2,3 pontos percentuais (pp) face a 2021 e 5,2 pp relativamente a 2019, com destaque nesta evolução para a performance das marcas de distribuição da Mercadona e do Intermarché.

Em crises anteriores, como na de 2011, o corte de custos em resposta à crise levou a uma maior procura das marcas da distribuição, as quais chegaram a atingir os 37% de quota em valor, no primeiro trimestre desse ano, valor que posteriormente decresceu por força da forte ação promocional dos fabricantes. Hoje, esta ameaça às marcas de fabricante é ainda maior, uma vez que existe um contexto diferente, com lojas com formatos de sortido curto muito focadas nas suas marcas próprias, ágeis e que conquistaram a confiança de muitos portugueses”, nota Pedro Pimentel, diretor geral da Centromarca.

Comparativamente com o primeiro trimestre de 2019, a preferência por marcas de distribuição é ainda mais visível em categorias que aumentam o preço e perdem compradores (26 em 29 conquistaram quota de mercado), como o leite UHT, refrigerantes de fruta ou azeite.

Discounts continuam a crescer

Ao analisar a dinâmica dos canais de compra, o estudo indica que os discounts continuam a crescer e os hiper e supermercados a recuperar alguma quota face à perda sentida no pico da pandemia. “Quando a inflação se começa a fazer sentir e a aposta recai mais sobre as marcas de distribuição, também se pensa no local de compra e em como a necessidade de controlar os gastos pode influenciar a escolha da loja”, afirma Pedro Pimentel.

No caso do consumo fora de casa, os números estão ainda longe do período pré-pandemia, sendo que a inflação, aliada ao facto de muitos portugueses recorrerem ainda ao teletrabalho total ou em modelos híbridos, poderá dificultar a recuperação no segmento. “Num momento em que o custo dos produtos está a aumentar, os portugueses terão de fazer escolhas para gerir o seu orçamento familiar mensal e o consumo fora de casa acaba por ser preterido”, aponta Marta Santos.

No que diz respeito ao consumo online, e apesar do canal ter perdido parte dos consumidores ganhos na pandemia, o grau de penetração permanece um pouco acima do verificado em 2020 (15% versus 16,8%), essencialmente por causa dos reformados, que continuaram a realizar as suas compras à distância. “Não obstante o índex de preço ser mais elevado no online, os consumidores que se mantiveram os seus atos de compra no canal são agora mais fiéis. Quase 40% repete a compra, as cestas são maiores, ao contrário do que vemos acontecer a nível nacional, e o consumidor do canal online realiza mais atos de compra do que antes”, conclui Pedro Pimentel.

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