A sustentabilidade desempenha um papel fundamental na estratégia e na planificação dos altos quadros de empresas espanholas, mas a falta de experiência nesta matéria pode comprometer a sua credibilidade, revela um novo inquérito realizado pela Smurfit Kappa, em colaboração com o Financial Times.
Intitulado “The Transparency Edge” (A vantagem da transparência), neste relatório, participaram 440 altos quadros de empresas de 11 grandes economias mundiais, 40 dos quais de Espanha, revelando que apenas 20% das empresas espanholas ainda não desenvolveu uma estratégia de sustentabilidade. Além disso, também surpreende neste estudo que 38% das empresas conte com planos ambiciosos para conseguir zero emissões líquidas até 2050, a percentagem mais baixa de todos os países europeus referidos no relatório.
Quase metade dos inquiridos em Espanha (43%) considera que a sua empresa carece da capacidade de vincular as práticas de sustentabilidade com o rendimento financeiro, em comparação com 30% a nível mundial, embora muitos já tenham começado a integrá-la nas avaliações de rendimento e incentivos. Estes dados destacam o impacto que a sustentabilidade tem, atualmente, nas empresas. De facto, 35% destas priorizara a inovação nas suas embalagens para poder cumprir os seus próprios objetivos de zero emissões líquidas.
Transparência
Além disso, apesar de 63% das empresas acreditar ser completamente transparente em relação a como e porquê toma decisões em matéria de sustentabilidade, quase um terço destas (29%) afirma que as ações da empresa raramente são coerentes com o que comunicam aos seus “stakeholders”. É uma grande lacuna entre a ambição manifestada e as ações, que continua a expor as empresas ao risco de acusações de “greenwashing”.
O estudo destaca, como tal, a importância da transparência, vincando que é essencial gerar confiança entre os consumidores, os investidores e os principais grupos de interesse. Por isso, as empresas consideradas líderes em sustentabilidade estão muito à frente das restantes em quatro aspetos-chave nesta matéria: garantir coerência entre a ação e o objetivo de sustentabilidade, medir o progresso das iniciativas de zero emissões líquidas, comunicar de forma efetiva para gerar confiança e certificar o rendimento em matéria de sustentabilidade. São dados que refletem a importância de garantir que os clientes estão informados, já que estes exigem das marcas informações claras e fiáveis para tomar melhores decisões.
Desta forma, as três ações mais eficazes para aumentar a transparência entre os consumidores são a comunicação do impacto (55%), a elaboração de relatórios de sustentabilidade anuais (53%) e a embalagem com rotulagem clara (38%).
Ruth Fraile, responsável pela sustentabilidade e BPP da Smurfit Kappa Espanha, Portugal e Marrocos, indica que “este estudo revela que, apesar de existir um interesse significativo no mundo empresarial de apostar na sustentabilidade, esta não costuma coincidir com as ações, as medições e as garantias que as empresas apresentam. Como tal, para evitar o greenwashing é necessário que estes três fatores sejam convincentes e sejam avalizados por terceiros. Além disso, não há dúvida de que as empresas têm de ser ambiciosas neste sentido, mas a sustentabilidade vai muito mais além de definir objetivos, já que deve ser acompanhada por ações e um verdadeiro impacto no presente”.
Por sua vez, Ken Bowles, diretor financeiro da Smurfit Kappa, acrescentou que “este relatório demonstra a grande importância da transparência ao estabelecer e manter a credibilidade em relação à sustentabilidade. Os clientes, os investidores ou os principais ‘stakeholders’ não vão continuar a tolerar ambiguidades. Além disso, a regulação vai desempenhar um papel fundamental para as empresas competirem em condições de igualdade ao comunicarem os resultados das suas ações para reduzir as emissões. Redefinir a comunicação financeira significa compreender que cria um verdadeiro valor a longo prazo e incluir os benefícios não financeiros. A questão é criar modelos de negócio que ofereçam bons resultados do ponto de vista sustentável e também financeiro”.
Siga-nos no: