Taxas de juro elevadas, baixo sentimento do consumidor e menor poder de compra são fatores que provavelmente pesarão sobre as empresas em 2023, indica um novo relatório do Moody’s Investors Service.
No relatório “2023 Outlook – Negative as financial conditions tighten, inflation hits consumers”, que analisou as condições de crédito para as empresas não financeiras na região EMEA, a Moody’s indica que a erosão do poder de compra das famílias é suscetível de reduzir a procura nas indústrias voltadas para o consumidor, o que se repercutirá no sector industrial. “Os sectores dependentes da procura discricionária serão os mais duramente atingidos“, avança a Moody’s, observando que embora as medidas de apoio governamental tenham procurado melhorar a situação das famílias, o aumento dos preços da energia e dos produtos alimentares provocou a sua erosão, reduzindo os rendimentos disponíveis dos consumidores.
“Esperamos que o poder de compra diminua ainda mais, porque o consumo sazonal de energia irá aumentar no inverno de 2022-2023 e é pouco provável que o apoio governamental se estenda para além da primavera de 2023“, acrescenta a Moody’s.
Aumento de salários
Outro fator que deverá pesar no desempenho financeiro das empresas no próximo ano é o aumento dos salários, com as empresas sob maior pressão para os aumentar em resposta à inflação.
No Reino Unido, por exemplo, os custos laborais das empresas, incluindo de insígnias como a Tesco, deverão aumentar em níveis próximos da taxa de inflação, segundo a Moody’s, que é mais elevada do que a da zona euro. “Os sectores de mão-de-obra intensiva, incluindo o comércio retalhista, a hotelaria, o lazer e os serviços às empresas e aos consumidores sofrerão desproporcionadamente, mas em graus variáveis, enquanto os mitigantes serão diferentes por sector e geografia“, diz a Moody’s. “Estes sectores estão também mais em risco porque os empregos nestas indústrias tendem a ser menos qualificados e, portanto, menos remunerados; como resultado, os seus colaborasdores são mais sensíveis à inflação“.
Perspetivas alternativas
Os fatores que podem mudar a perspetiva da Moody’s incluem um regresso ao crescimento económico, juntamente com uma estabilização das taxas de juro e um recuo dos níveis de inflação.
“Os fatores-chave para uma perspetiva positiva incluem o crescimento económico é sólido, as taxas de juro moderadas e a inflação cair para níveis pré-pandémicos, os ganhos crescerem em muitos sectores, a escassez de energia ser abordada e as taxas de incumprimento serem baixas“, conclui a Moody’s.
