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Que novo normal?

Imagem Shutterstock

Desde meados de março, altura do surgimento do estado de emergência, que o padrão de compra dos portugueses está forçosamente definido. Verifica-se uma menor afluência às lojas e, tanto os carros como as cestas, estão mais cheios.

A Kantar perspetiva que os portugueses vão continuar as suas atividades dentro do lar. “Neste momento, é fundamental que a presença das marcas no ‘top of mind’ não seja comprometida e que possam continuar envolvidas nas suas rotinas. Redes sociais, Internet e televisão vão continuar mais presentes no seu dia-a-dia e serão canais de comunicação ainda mais importantes, sobretudo numa altura em que os estímulos exteriores são inferiores aos que se verificavam em pré-Covid”, alertou Marta Santos, Manufacturers Sector Director na Kantar, num webinar dedicado à Covid-19.

 

Cenários

As previsões são de que irão continuar a haver mais momentos de consumo em casa e mais tempo para cozinhar, além de que começa a surgir também a necessidade de preparar alguns momentos especiais em casa, como os aperitivos. “Existe a abertura para experimentar coisas novas, não significando, contudo, que tenham que existir novos produtos, mas sim momentos de consumo que se transformam. Também o Do it Yourself ganha uma nova vida, com mais trabalhos manuais e mais tempo na cozinha. Para isso, é crucial que a mensagem seja adaptada a cada momento e a cada consumidor”.

Cada vez mais, as marcas deverão compreender como estão a modificar as necessidades e as preocupações dos portugueses, porque, neste momento, a única certeza é que mudam rapidamente. “Perder o momento pode significar perder espaço no ‘top of mind’ dos consumidores”, sublinhou.

A curto prazo, sabe-se que será a alimentação básica a prioridade mais constante das próximas semanas. Algumas categorias, como iogurtes, charcutaria, queijo, bolachas e bolos não conseguiram, no início da crise, ser prioritárias na cesta dos portugueses , que afirmam que não planeiam, nas próximas semanas, aumentar a sua compra.

 

Futuro

Um dos aspetos que mais pode influenciar a estratégia e o desempenho de uma marca será o regresso dos consumidores à convivência fora de casa. “Irá o canal Horeca conseguir manter a sua quota pré-Covid, tendo em conta o crescimento atual dos canais de conveniência da própria distribuição moderna no consumo fora de casa? Ou irá, de forma geral, ocorrer uma valorização do consumo fora de casa devido à vontade de um regresso ao convívio e à liberdade de circulação? Poderão os fatores económicos e as rotinas ganhas com o confinamento ter ainda mais peso, porque existe um vírus invisível, que trouxe profundas incertezas ao que se dava como garantido enquanto consumidor? O uso do delivery, por exemplo, tem ganho adeptos no confinamento e promete continuar com aumentos da procura? 10,2% dos lares portugueses planeiam aumentar o seu uso”.

Por experiências passadas, sabe-se quanto a evolução da economia é importante para o consumo e as previsões não são as mais otimistas para Portugal. O aumento do desemprego parece ser uma ameaça. Quase 14% dos lares portugueses afirmam já ter tido uma alteração da sua situação laboral. “Recordando 2012, quando houve uma maior inflação e a taxa de desemprego atingiu os 16,3%, houve também uma redução do consumo das famílias em FMCG”, concluiu.

Por Bruno Farias

Diretor na revista Grande Consumo. Um eterno sonhador, um resiliente trabalhador. Pai do Afonso e do José.

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