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Poupar dinheiro em detrimento do ambiente é prioridade de 82% dos consumidores europeus

Foto Shutterstock

Seis em cada dez consumidores europeus acreditam que a sustentabilidade não é da sua responsabilidade, mas depende das empresas, de acordo com um estudo Kantar, realizado em 35 países, junto de mais de 35 mil consumidores.

O consumidor considera que são as empresas e as marcas que devem assumir a responsabilidade de resolver os problemas da sociedade, no âmbito da sustentabilidade, e 6% acredita que as empresas devem fazer sacrifícios comerciais para acabar com o racismo, a xenofobia e outras formas de ódio, mesmo à custa da perda de negócio. Além disso, 51% acredita que as marcas têm um papel importante a desempenhar na conversa social sobre questões como a igualdade de género, raciais ou relações com os imigrantes.

Nesse sentido, o consumidor está disposto a punir marcas que não considera sustentáveis e 42% deixou de comprar produtos ou serviços devido ao seu elevado impacto ambiental.

O estudo mostra também como o modo como as marcas abordam a sustentabilidade deve ser cuidadoso, para superar o cinismo que se tem estabelecido na mente dos consumidores. 65% está preocupado com o facto das marcas estarem envolvidas em problemas sociais apenas por razões comerciais.

 

Barreiras

Os dados do estudo revelam que, embora algumas pessoas estejam verdadeiramente comprometidas com a sustentabilidade, ainda precisam de ajuda para colmatar o fosso entre o que pensam e o que realmente fazem, o chamado Value Action Gap.

82% dos consumidores europeus diz que, quando faz compras, a sua prioridade é poupar dinheiro, em vez de salvar o planeta, e 51% quer fazer mais para estar mais conscientes do planeta e do ambiente, mas as suas prioridades diárias são colocadas em primeiro lugar.

Estas barreiras de conveniência juntam-se a outras mais no domínio do preço (75% considera que os produtos sustentáveis ou éticos são sempre mais caros) e falta de informação: 70% pensa que não tem informação suficiente sobre como os produtos são éticos ou sustentáveis.

Além disso, muitos comportamentos não sustentáveis ainda são reconhecidos: 73% das pessoas continua a comprar novos produtos em vez de optar por produtos em segunda mão, 71% compra produtos pré-embalados em vez de ir às compras com contentores reutilizáveis e 65% desloca-se de carro, em vez de andar a pé ou em transportes públicos.

 

Diferenças por país

A importância dada às questões de sustentabilidade varia consoante o país e muito especificamente em conformidade com a proximidade da preocupação com a realidade do consumidor. Enquanto países como a Suécia, os Países Baixos, a Alemanha ou a França têm uma maior orientação para aspetos ambientais, como a perda de biodiversidade ou a diminuição do número de espécies e a desflorestação, outros países associam uma maior preocupação a questões sociais, como a pobreza e a fome ou condições de trabalho precárias. É o caso da Grécia, da Roménia, da Bélgica ou do Reino Unido, bem como de Espanha, onde a menção à falta de acesso a cuidados médicos e vacinas também se destaca entre as suas três principais preocupações em matéria de sustentabilidade, um problema que não figura entre as prioridades dos países europeus vizinhos.

Por Carina Rodrigues

Responsável pela redacção da revista e site Grande Consumo.

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