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Os portugueses são dos cidadãos da União Europeia (UE) mais informados sobre as consequências das alterações climáticas, indicam as conclusões da sexta edição do inquérito do Banco Europeu de Investimentos (BEI) sobre o Clima.
O inquérito sobre o clima centra-se no conhecimento que as pessoas têm sobre as alterações climáticas, em três vertentes principais: definições e causas, consequências e soluções. Foram inquiridos mais de 30 000 inquiridos em 35 países, incluindo os Estados-Membros da UE, o Reino Unido, os Estados Unidos, a China, o Japão, a Índia e o Canadá.
Definições e causas das alterações climáticas
O conhecimento dos inquiridos portugueses sobre a definição e as causas das alterações climáticas é superior à média da UE (7,62/10 contra 7,21).
No que se refere à definição de alterações climáticas, a maioria dos inquiridos portugueses (71%) selecionou a definição correta (“uma mudança a longo prazo nos padrões climáticos globais”), enquanto 3% (a taxa mais baixa de negacionistas das alterações climáticas na UE) acreditam que as alterações climáticas são um embuste.
Atividade humana como principal causa
Mais de três quartos (79%) também não têm dúvidas de que as principais causas das alterações climáticas são as atividades humanas, por exemplo, a desflorestação, a agricultura, a indústria e os transportes. Menos de um quarto dos inquiridos pensam o contrário (12% acreditam que as alterações climáticas são causadas por fenómenos naturais extremos, tais como erupções vulcânicas e ondas de calor, enquanto 9% acreditam que são causadas pelo buraco na camada de ozono).
A maioria dos inquiridos portugueses (80%) identificou corretamente os EUA, a China e a Índia como os maiores emissores de gases com efeito de estufa a nível mundial.
Consequências das alterações climáticas
Quando questionados sobre as consequências das alterações climáticas, os portugueses obtiveram uma pontuação de 8,67/10, bastante acima da média europeia de 7,65/10.
93% dos inquiridos sabem que as alterações climáticas têm um impacto negativo na saúde humana (por exemplo, podem causar um aumento dos poluentes atmosféricos, como o ozono troposférico e as partículas em suspensão). E 91% dos inquiridos também mencionaram corretamente que as alterações climáticas estão a agravar a fome no mundo, pois as condições meteorológicas extremas afetam o rendimento das culturas.
A subida do nível do mar é reconhecida por 85% dos inquiridos portugueses. Apenas 6% acreditam que está a diminuir e 9% afirmam que as alterações climáticas não têm um impacto específico no nível do mar.
Mais de três quartos (79%) dos inquiridos consideram que as alterações climáticas contribuem para a migração global devido a deslocações forçadas.
Soluções para as alterações climáticas
No que respeita às soluções para as alterações climáticas, os inquiridos portugueses (pontuação de 4,40/10 face a 4,25 de média da UE) revelam um menor conhecimento do que o demonstrado nas outras duas vertentes (causas e consequências), o que está em consonância com uma tendência europeia mais ampla, em que a maioria dos países obtém classificações baixas neste aspeto.
82% dos inquiridos (10 pontos acima da média da UE) sabem que a utilização de produtos passíveis de reciclagem pode ajudar a atenuar as alterações climáticas. E 77% mencionam corretamente que a utilização de transportes públicos em vez de automóveis particulares está no caminho certo.
Apenas uma minoria (37%) considera que um melhor isolamento dos edifícios ou a compra menos frequente de roupa nova (37%) também podem ajudar. Alguns inquiridos (21%) estão cientes de que a redução dos limites de velocidade nas estradas pode ajudar a atenuar as alterações climáticas.
Desconhecimento das emissões
A maioria dos inquiridos portugueses não tem conhecimento da existência de emissões significativas de CO2 relacionadas com a utilização das tecnologias digitais, sendo que apenas 3% sabem que ver menos vídeos em linha pode contribuir para fazer face à emergência das alterações climáticas.
A maioria dos inquiridos portugueses (57%) definiu corretamente a pegada de carbono individual como “a quantidade total de emissões de gases com efeito de estufa produzidas por uma pessoa num ano”.