Oiça este artigo aqui:
O Dia Internacional da Cerveja, celebrado esta sexta-feira, 1 de agosto, foi assinalado com um brinde dos Cervejeiros de Portugal às empresas nacionais e aos consumidores que, juntos, fazem do sector cervejeiro um verdadeiro motor da economia e da cultura do país. Portugal destaca-se no panorama europeu por liderar o consumo de cerveja fora de casa, com 68% das vendas realizado em restaurantes, cafés e bares — uma percentagem que coloca o país muito acima da média europeia, fixada nos 25%.
Segundo a entidade, o sector cervejeiro português enfrentou desafios significativos durante a pandemia. Embora muitas microcervejeiras tenham encerrado portas, o período pós-Covid assistiu ao surgimento de novas empresas, contabilizando-se atualmente cerca de 100 negócios ativos dedicados à produção de marcas próprias de cerveja. Anualmente, são produzidos cerca de 800 milhões de litros, dos quais 630 milhões se destinam ao consumo interno, sendo o restante exportado para mais de 50 países. Apenas 2% da cerveja consumida em Portugal é importada, o que evidencia a força da produção nacional.
Apesar da sua relevância enquanto produtor — Portugal ocupa o 13.º lugar na União Europeia —, o país surge apenas na 17.ª posição enquanto consumidor, com um consumo per capita anual de 59 litros, muito abaixo dos 128 litros registados na República Checa ou dos 88 litros consumidos na Alemanha. Este padrão reflete uma postura de moderação e uma crescente consciência, reforçada pela procura de cervejas sem álcool e de baixo teor alcoólico, sobretudo em contextos sociais ou por opção de saúde. A diversidade de estilos e sabores reflete também um consumidor mais informado e aberto à experimentação.
Desafios e compromissos para o futuro
Francisco Gírio, secretário-geral dos Cervejeiros de Portugal, sublinha que a cerveja “continuará a ser um pilar de inovação e responsabilidade”, destacando a importância do compromisso com a sustentabilidade, o consumo responsável e a união proporcionada por esta bebida transversal. O sector enfrenta, contudo, o duplo desafio do aumento dos custos de produção — impulsionado pela inflação das matérias-primas e da energia — e da alteração dos padrões de consumo.
Para responder a este cenário, os Cervejeiros de Portugal defendem uma política fiscal não discriminatória e um quadro legislativo que incentive a inovação, a sustentabilidade e a competitividade. Entre as medidas sugeridas estão o reconhecimento da cerveja como bebida fermentada de ingredientes naturais, a aposta na transição digital e na descarbonização e o apoio a políticas industriais que fortaleçam o sector.