“Nunca venderemos a Auchan“. A afirmação é de Barthélémy Guislain, presidente da Associação Família Mulliez (AFM), que detém a empresa de distribuição, depois de, na passada quinta-feira, os media darem conta de que Carrefour e Auchan estariam a negociar, desde a primavera passada, uma possível fusão. “Podemos discutir alianças ou parcerias, sempre o fizemos, mas uma coisa é certa: nunca venderemos a Auchan“, disse ao jornal francês La Voix du Nord.
As declarações indicam que a Auchan não fecha a porta às negociações entre os dois grupos. “Acreditamos que o futuro se constrói através de intercâmbios, abertura a outros e, potencialmente, através de alianças lideradas pelas nossas empresas autónomas”, acrescentou o responsável da AFM, proprietária de marcas como a Auchan, Leroy Merlin, Decathlon, Kiabi ou Boulanger. “Francamente, a família não pode apoiar a ideia de que as suas empresas podem criar um ecossistema fechado para enfrentar desafios, particularmente ambientais e digitais.
Fusão
Na passada sexta-feira, o fundador da Auchan, Gérard Mulliez, garantiu ao mesmo jornal que “a Auchan está consciente dos seus problemas e é totalmente capaz de corrigi-los sem renunciar à sua independência económica, que não é negociável“.
A notícia sobre uma potencial fusão entre Auchan e Carrefour foi avançada pelo jornal Le Monde, indicando que as negociações decorriam desde a primavera, tendo a iniciativa partido de Alexandre Bompard.
De acordo com o jornal francês, o CEO do Carrefour acredita que o mercado retalhista francês é demasiado fragmentado e ineficiente, pelo que existe uma necessidade de consolidação, de modo a se poder ganhar influência. Com mandato renovado até 2023, Alexandre Bompard terá iniciado conversações com a família Mulliez, que detém a Auchan, para analisar um possível acordo de fusão.
No entanto, a união destes dois gigantes franceses, com uma presença internacional considerável, coloca alguns obstáculos estratégicos, conforme notado pelo Le Monde. Em primeiro lugar representa a unificação de duas empresas com uma estrutura empresarial muito diferente, sendo o Carrefour uma empresa cotada e a Auchan um fundo familiar fortemente enraizado. A esta dificuldade, há que acrescentar uma segunda, derivada da concorrência no mercado francês. A união de ambas as empresas significaria uma remodelação sectorial em França, fazendo do Carrefour o líder de mercado, à frente do E.Leclerc, que atualmente lidera o sector. De acordo com os dados da Kantar, a 21 de setembro, o Carrefour detinha 19,7% das vendas de bens de consumo em França, apenas superado pelo E.Leclerc (22,7%). A Auchan ocupa o quinto lugar (9,2%), atrás do Grupo Os Mosqueteiros (16,1%) e do Groupe U (11,6%).