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Mudanças no consumo que vão manter-se no pós-Covid

Nova pesquisa da Bain & Company destaca 8 temas a considerar na definição das estratégias

Foto Shutterstock

A Covid-19 forçou a novas direções no consumo, alterando os comportamentos de um modo que poucos imaginariam ser possível há nove meses. Algumas dessas tendências estão para ficar, outras nem tanto, mas o impacto do coronavírus no comportamento do consumidor irá durar para além da crise pandémica.

No novo estudo “Shaping the Consumer of the Future”, a Bain & Company destaca oito tendências que as empresas deverão considerar na definição das suas estratégias. Foram inquiridos, em parceria com a Dynata, 9.500 consumidores de países como os Estados Unidos da América, o Reino Unido, a Alemanha, a França, Itália e a Suécia.

A nossa pesquisa aponta para mudanças duradouras no modo como as pessoas pensam, agem e compram bens de consumo”, afirma François Faelli, Global Head de Consumer Products na Bain & Company. “Apesar destas tendências terem aparecido quase do dia para a noite, o seu impacto será duradouro e as empresas de produtos de consumo terão de se adaptar para servir o novo consumidor”.

 

Mudanças de comportamento

A pesquisa apurou que as mudanças no consumo enquadram-se numa de duas categorias: comportamentos que foram aprofundados e solidificados com a crise e tendências onde as atitudes mudaram completamente e cujo resultado final ainda é incerto.

Na primeira categoria, as novas tendências incluem uma aceleração do digital. Um dos resultados mais significativos e permanentes da pandemia foi a adesão à compra de alimentos online e a outras atividades virtuais. Em confinamento, os consumidores passaram mais tempo em frente dos seus ecrãs, seja a ver televisão, nas redes sociais, a jogar online ou a fazer compras. A maioria dos inquiridos afirma que irá continuar a substituir as suas experiências digitais por um substituto virtual.

A chegada do novo coronavírus também deixou as pessoas muito expostas a notícias sobre saúde, acelerando a viragem no sentido da saúde e do bem-estar que ganhava tração desde a década passada. Isto teve um impacto direto no modo como os consumidores pensam sobre a comida que comem, levando a um aumento da procura por frescos e alimentos não processados, assim como promovendo a comida caseira.

A Covid-19 também acelerou a mudança distinta que começou a emergir antes da pandemia entre o low cost e o premium. O impacto financeiro da crise gerada pelo coronavírus levou muitos a focar os seus gastos nos produtos associados a uma noção de valor. Com a redução do consumo em áreas como o entretenimento fora de casa, viagens e automóveis, contudo, os consumidores com suficiente poder de compra estão a virar-se para os produtos premium de modo a satisfazer as necessidades de saúde, segurança e conveniência.

Antes da Covid-9, o consumo fora do lar crescia a passos largos – nos Estados Unidos, por exemplo, o dobro do consumo dentro do lar. Mas a pandemia veio alterar essa trajetória. Com o encerramento de bares, restaurantes, cafés, ginásios, salões de beleza e outros espaços, a crise irá arrebatar os ganhos acumulados pelo fora do lar em três a cinco anos. Nos piores cenários, essa redução poderá estender-se a cinco anos.

 

Dualidades

Na segunda categoria de comportamento, incluem-se quatro categorias. A começar pela dualidade entre o pequeno e o local e as grandes marcas. Na Europa, os consumidores responderam à crise gerada pela Covid-19 com um apoio aos negócios e marcas locais. Não obstante, os consumidores também se viraram para as grandes marcas em busca de segurança e de confiança.

Outra tendência refere-se à saúde e bem-estar. Com o aumento do foco do consumidor nestes aspetos ao longo dos últimos anos, as empresas de bens de consumo responderam com a duplicação da oferta saudável, o que levou ao surgimento de muitas novas e pequenas marcas, nomeadamente no sector homeopático. Contudo, o aumento da visibilidade dos profissionais de saúde durante a crise da Covid-19 traduziu-se numa maior confiança na ciência, que se reflete nas decisões de compra. Na Europa, 35% dos consumidores estão a procurar mais produtos de saúde ancorados na ciência.

Outra dualidade trazida pela Covid-19 é entre sustentabilidade e segurança. Muitos líderes de negócio esperavam que a pandemia servisse como ponto de inflexão para a sustentabilidade. Em maio, 35% dos europeus afirmavam que se preocupavam mais com a sustentabilidade nas compras de alimentos e bebidas do que antes da Covid. Essa opinião foi validade em julho, quando igual percentagem disse que comprar marcas socialmente responsáveis é mais importante para si. Mas, apesar destes dados, apenas 8% cita a sustentabilidade como um decisor de compra estratégico em todas as categorias. Nos vários países, os consumidores estão a preferir a segurança à sustentabilidade.

Finalmente, há que considerar a questão da urbanização. Durante muitos anos, as pessoas acorreram às grandes cidades, mas, quando a Covid-19 chegou, muitos convenceram-se que seria conveniente mudar para zonas mais calmas, mesmo que temporariamente, uma relocalização tornada possível pelo teletrabalho. Como resultado, está a haver um aumento do preço das casas nas zonas suburbanas e rurais. Se esta busca por uma vida mais calma irá ser suficiente para reverter anos de urbanização é algo que ainda está por apurar. Contudo, existem implicações potenciais pata as marcas que têm de considerar de que modo a sua base de consumidores está a mudar e quais são as suas necessidades.

Por Carina Rodrigues

Responsável pela redacção da revista e site Grande Consumo.

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