Oiça este artigo aqui:
A gigante chinesa do comércio eletrónico JD.com anunciou a aquisição da alemã Ceconomy, num negócio avaliado em 2,2 mil milhões de euros, marcando um passo decisivo na sua estratégia de internacionalização e consolidação na Europa.
A Ceconomy, detentora das conhecidas cadeias MediaMarkt e Saturn, opera cerca de mil lojas em vários países europeus e emprega mais de 50 mil pessoas. A operação permitirá à JD.com ganhar acesso direto a uma das maiores plataformas de comércio eletrónico de produtos eletrónicos na Europa, ao mesmo tempo que expande a sua rede física.
Segundo Kai-Ulrich Deissner, CEO da Ceconomy, a parceria “chega no momento certo” e permitirá aceder a “tecnologia, know-how em retalho e cadeias de fornecimento de classe mundial”. A conclusão do negócio está prevista para o primeiro semestre de 2026.
Termos do acordo
Os termos do acordo garantem que a sede da Ceconomy permanecerá em Düsseldorf e que não haverá despedimentos obrigatórios durante, pelo menos, três anos após o fecho da transação. A gestão atual da Ceconomy apoiará a proposta e recomendará a sua aceitação aos acionistas.
A JD.com já havia dado sinais da sua aposta na Europa com o lançamento da marca omnicanal Ochama nos Países Baixos e o teste da plataforma Joybuy no Reino Unido. Sandy Xu, CEO da JD.com, afirma que o objetivo passa por “acelerar a transformação em curso da Ceconomy, reforçando as suas capacidades e gerando valor a longo prazo para clientes, colaboradores, investidores e comunidades locais”.
A operação inclui ainda o compromisso da Ceconomy de manter a sua participação de 23,4% na Fnac Darty, considerada uma “opção estratégica de longo prazo”.
Os principais acionistas da Ceconomy — incluindo a família Kellerhals, Haniel, Beisheim, BC Equities e Freenet — já anunciaram a sua intenção de vender uma parte significativa das suas participações à JD.com.
Segundo a agência Fitch, a aquisição pode melhorar o perfil de crédito da Ceconomy, beneficiando da robustez financeira da JD.com, que gerou 160 mil milhões de dólares em receitas, com atividade em sectores como retalho, logística, tecnologia e saúde.
A Europa tem-se tornado um destino privilegiado para investimentos chineses, com os negócios na região a mais que duplicarem para 8,45 mil milhões de dólares em 2024, segundo dados da LSEG, impulsionados por tensões comerciais entre a China e os Estados Unidos.