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Gelados mais saudáveis, práticos e indulgentes: o que querem os consumidores europeus?

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O mercado europeu de gelados continua a crescer de forma consistente, impulsionado por uma combinação de indulgência, crescente procura por produtos saudáveis e uma aposta forte em inovação. De acordo com os mais recentes dados analisados pela Innova Market Insights e pela European Ice Cream Association (EICA), a categoria está a evoluir para responder a um consumidor cada vez mais exigente, que valoriza a experiência sensorial, mas também ingredientes naturais, claims de saúde e produtos sustentáveis.

Em 2023, as vendas de gelados na Europa ultrapassaram os nove mil milhões de euros, com um aumento de 4,3% em valor e 2,8% em volume face ao ano anterior. Esta tendência reflete não só um crescimento na procura, mas também uma maior valorização do produto, com os consumidores a estarem dispostos a pagar mais por propostas diferenciadas.

A Alemanha, a França e a Itália continuam a liderar o ranking de consumo per capita, com destaque para os italianos, que mantêm a tradição do gelado artesanal como uma forte referência cultural e gastronómica. O mercado europeu é, assim, um mosaico de preferências: desde os formatos on-the-go muito populares no Reino Unido e nos Países Baixos, aos formatos familiares mais comuns no sul da Europa.

 

3 perfis de consumo bem definidos 

Durante o verão, os gelados tornam-se uma escolha quase universal entre os consumidores europeus, com 81% a afirmar consumi-los nesta altura do ano. A motivação mais comum é a busca por frescura, indicada por 60% dos inquiridos, mas a componente emocional e indulgente também é relevante, com 54% a considerar o gelado um prazer pessoal. Apesar do carácter indulgente, há uma crescente atenção à vertente nutricional: 23% dos consumidores procura opções com benefícios para a saúde, 57% valoriza ingredientes naturais e 32% prefere gelados com baixo teor de açúcar. No momento da escolha, o sabor continua a ser o fator dominante (68%), seguido pela textura (41%), evidenciando que a experiência sensorial continua a ser decisiva para esta categoria.

A pesquisa segmenta os consumidores europeus de gelado em três grandes grupos. Os “tradicionalistas” (34%) valorizam os sabores clássicos, marcas conhecidas e consistência na qualidade. São fiéis às opções familiares e menos recetivos à experimentação.

Por sua vez, os “exploradores” (29%), tipicamente mais jovens, procuram novidades, sabores exóticos, colaborações com marcas de doces ou bebidas e experiências multisensoriais.

Finalmente, os “conscientes” (37%) procuram alternativas saudáveis, sem lactose, com menos açúcar ou com ingredientes naturais. Este grupo tem vindo a crescer de forma constante e impulsiona a inovação em categorias como gelados à base de plantas ou com proteínas adicionadas.

 

Sabores, texturas e ingredientes

Apesar do fascínio por sabores inovadores, como matcha, lavanda, caramelo salgado ou cheesecake de frutos vermelhos, a baunilha e o chocolate continuam a liderar as preferências.

No entanto, a textura tem vindo a ganhar protagonismo. Termos como “crocrante”, “cremoso”, “mousse”, “gelado com swirl” ou “centro líquido” são cada vez mais utilizados nas descrições e posicionamentos dos produtos.

Há também uma tendência crescente para os gelados como sobremesa premium: embalagens sofisticadas, ingredientes como flor de sal, caramelo artesanal, pedaços de brownie ou inclusões crocantes transformam um produto indulgente num verdadeiro momento de celebração pessoal.

 

Plant-based: uma realidade em crescimento

Os gelados plant-based deixaram de ser uma proposta de nicho e estão hoje presentes em todas as grandes marcas e retalhistas. A base de aveia tem vindo a superar a tradicional base de soja, devido ao sabor mais neutro e à textura mais cremosa. As opções sem glúten, sem lactose e com proteínas adicionadas (incluindo proteínas vegetais) também estão em crescimento, sendo muitas vezes promovidas com claims como “clean label” ou “naturalmente saudável”.

A sustentabilidade é outro vetor de escolha. Embalagens recicláveis, cadeias de fornecimento transparentes e certificações de origem ética já fazem parte da equação de valor para muitos consumidores.

 

Marcas e retalho: a batalha do verão é ganha na diferenciação

As marcas líderes estão a reforçar o seu portefólio com edições limitadas, colaborações sazonais (como Oreo, Kinder ou bebidas alcoólicas) e gamas especiais voltadas para ocasiões específicas.

O retalho moderno, por seu lado, investe em marca própria premiumizada, gelados artesanais locais e comunicação fortemente orientada à emoção e ao prazer.

As campanhas de marketing recorrem cada vez mais à nostalgia, às redes sociais e à personalização. Um exemplo são as campanhas que convidam os consumidores a partilhar os seus sabores preferidos ou momentos especiais ligados ao consumo de gelado.

 

Portugal acompanha as tendências

No mercado português, o consumo de gelados está igualmente em crescimento, com uma procura crescente por formatos individuais premium e produtos saudáveis. As distintas marcas  têm sabido explorar diferentes nichos — da indulgência clássica às opções vegan — e os supermercados têm reforçado a oferta em marca própria com propostas sofisticadas.

O verão português é um aliado natural do mercado de gelados, mas o desafio do sector passa agora por manter a relevância durante todo o ano, com propostas adaptadas ao consumo doméstico e a novas ocasiões. Na edição n.º 93 da Grande Consumo, analisamos o impacto da sazonalidade nos hábitos de compra e nas categorias mais impactadas pelo calor, como as bebidas, os protetores solares e os gelados. A estação quente representa não só um pico de consumo, mas também uma enorme prova de stresse operacional para marcas e retalhistas.

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Por Carina Rodrigues

Responsável pela redacção da revista e site Grande Consumo.

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