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Distribuidores acusam fabricantes de aumentar os preços artificialmente

Custo anual de 14 mil milhões de euros para os consumidores

Foto Shutterstock

O EuroCommerce exorta os responsáveis políticos a abordarem a “fragmentação do mercado único”, por parte dos grandes fabricantes de bens de consumo que, na sua opinião, “restringem a liberdade dos retalhistas de encontrarem a melhor oferta em toda a Europa e aumentam artificialmente os preços para os consumidores”.

Falando na conferência da presidência checa sobre o 30.º aniversário do Mercado Único, em Praga, a diretora geral do EuroCommerce, Christel Delberghe, disse que “é mais do que tempo da União Europeia tomar medidas decisivas para garantir que podemos oferecer aos consumidores o melhor preço e escolha que desejam numa altura em que veem os preços a subir. Os grandes fabricantes de bens de consumo fragmentam o mercado único para os seus clientes retalhistas e grossistas. Isto está a custar aos consumidores europeus 14 mil milhões de euros”.

 

Menor acesso aos produtos

Desta forma, o Eurocommerce acusa os grandes fabricantes de bens de consumo de beneficiarem do mercado único, concentrando a produção em alguns centros para distribuir os seus produtos por toda a Europa e abastecer-se de ingredientes onde for oportuno. “No entanto, exigem que os retalhistas e grossistas só comprem ao seu distribuidor nacional (na maioria dos casos, uma subsidiária da marca) a um preço que fixam para cada mercado”, acusa o EuroCommerce. Isto acontece mesmo que o custo de produção do artigo seja praticamente o mesmo em cada mercado. Para tal, tendem a adaptar ligeiramente a rotulagem, os ingredientes ou a embalagem ou a restringir o acesso a uma parte da gama de produtos em determinados países, prossegue a associação.

Isto significa que, em certos países, os preços dos produtos são mais elevados ou há menos acesso. Um relatório da Comissão Europeia estima que estas restrições ao mercado custaram ao consumidor europeu, pelo menos, 14 mil milhões de euros. De acordo com o EuroCommerce, os retalhistas que tentem operar de forma mais eficiente, através do abastecimento central ou noutro mercado, podem ver os seus fornecimentos reduzidos ou completamente interrompidos.

 

Inflação

Com a elevada inflação e o poder de compra dos consumidores a ser fortemente atingido pelo aumento dos preços das matérias-primas e da energia, o EuroCommerce quer que o mercado único funcione para todos.

De acordo com a associação o sector retalhista e grossista opera com margens baixas, entre 1% e 3% líquidos, no caso do retalho alimentar, enquanto as margens dos grandes fabricantes são, geralmente, entre 15 e 30% líquidos e mantêm essas margens, fixando os preços para cada mercado na Europa separadamente, conclui o EuroCommerce.

Por Carina Rodrigues

Responsável pela redacção da revista e site Grande Consumo.

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