De modo a se adaptar ao novo normal e regressar ao crescimento, a Danone irá reestruturar a sua organização e desinvestir de algumas atividades.
A empresa liderada por Emmanuel Faber irá apostar, ainda mais, nas alternativas vegetais, que estão a registar um forte crescimento.
Impacto da Covid-19
A multinacional francesa ressentiu-se do embate da crise pandémica e, no terceiro trimestre, as vendas comparáveis caíram 2,5%. O impacto das medidas sanitárias, o encerramento das fronteiras e a fraca confiança dos consumidores foram os principais fatores que contribuíram para a perda de receitas, segundo analisa o CEO, Emmanuel Faber.
Em comunicado, o gestor avança que quer regressar a uma taxa de crescimento de 3% a 5%, pelo que serão feitas algumas mudanças estruturais e reavaliado o portfólio da empresa.
É nesse sentido que estão a ser analisas opções estratégicas para a divisão na Argentina e para a marca americana de bebidas proteicas vegetais Vega. Outros ativos poderão ser ainda examinados. Recorde-se que, recentemente, a Danone vendeu a participação que ainda detinha na marca japonesa de probióticos Yakult, de modo a libertar recursos.
Reorganização interna
De acordo com Emmanuel Faber, a organização interna também necessita de ser reequacionada. Para impulsionar as vendas internacionais e as atividades na América do Norte, a multinacional vai apoiar-se em dois CEOs macrorregionais, que serão responsáveis pela execução local e pela busca de sinergias entre as categorias. Véronique Penchienati-Bosetta e Shane Grant serão, respetivamente, diretores executivos da Danone International e Danone América do Norte. Irá haver também um novo COO, que irá integrar funções estratégicas importantes, desde a pesquisa e desenvolvimento ao “procurement” e qualidade.
No seguimento da reorganização interna, Cécile Cabanis, diretora financeira da Danone há 16 anos, irá abandonar a empresa, em fevereiro de 2021, após ter completado o plano de adaptação à Covid-19, sendo substituída provisoriamente por Jueger Esser, atual diretor financeiro da divisão de águas e de África.
Novas vias de crescimento
Com uma queda de 9,3% (menos 2,5% em termos comparáveis), as vendas da Danone ficaram-se pelos 5.821 milhões de euros. Na Europa e na América do Norte, a queda foi de 3,4%, enquanto que no resto do mundo atingiu os 16,1%.
No acumulado dos primeiros nove meses de 2020, a faturação da empresa caiu 5,4% (menos 1,6% em termos comparáveis), para os 18.004 milhões de euros.
A descida das vendas no canal fora do lar afetou o desempenho da Danone, em particular, o negócio de águas. Em contrapartida, o e-commerce cresceu 40% e as alternativas vegetais cresceram a duplo dígito. Na Europa, a Danone conseguiu ganhar quota de mercado graças à Actimel, Danette e Alpro.
“Vamos entrar numa nova fase de transformação da Danone, adaptando-nos ao novo mundo”, afirma Emmanuel Faber. “Aumentará o nosso foco na entrega, colheremos imediatamente benefícios sinérgicos, numa perspetiva de crescimento e eficiência, da nossa carteira única e coerente de categorias relacionadas com a saúde e, finalmente, acelerará o cumprimento dos nossos ambiciosos planos, que esperamos começar a implementar já no primeiro trimestre do próximo ano”, conclui.