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Consumidores na disposição de sacrificar marcas que usam habitualmente

Foto Shutterstock

O mais recente estudo da Boutique Research revela que a série de eventos recentes – pandemia, guerra na Europa e o consequente aumento da inflação – não deixou os portugueses indiferentes. A preocupação com o futuro está ainda mais elevada do que no momento do primeiro confinamento, em abril de 2020, e muitos são os que temem não conseguir manter o seu nível de vida.

Após vivermos uma pandemia (coisa que nenhum ser humano imaginou viver), nunca pensaríamos que o futuro iria reservar algo ainda mais negativo, mas reservou a guerra. Também após a pandemia (o grande Dark Side of the World), ansiava-se por uma era muito mais positiva, o que infelizmente não aconteceu; pelo contrário, instalou-se novamente o impensável – a guerra (o equivalente à pandemia) e, provavelmente por isso, o sentimento geral tende a ser ainda mais negativo pelo efeito a dobrar. É difícil ser-se otimista no atual contexto tendo em consideração o passado recente”, refere Yolanda Santos, diretora de estudos qualitativos da Boutique Research

 

Mudança de comportamento

Esta preocupação já se traduz numa mudança de comportamentos dos consumidores, aos quais as marcas têm de se ajustar rapidamente, satisfazendo as novas necessidades que emergem do atual contexto. Os consumidores já estão na disposição de sacrificar as marcas que usam habitualmente e tomam mais medidas de poupança do que durante o segundo confinamento. Não há espaço para os produtos e serviços que são percebidos como supérfluos

A Boutique Research realizou um estudo com o objetivo de tentar perceber se o aumento da inflação está a ter um maior ou menor impacto do que a pandemia teve na confiança, situação económica e forma de comprar dos portugueses. “Nos últimos dois anos e meio foram muitos os ajustes que os portugueses fizeram na sua forma de comprar e de viver. No início da pandemia, a incerteza levou a um medo enorme do futuro. Desta vez, não é a incerteza. São os efeitos da inflação que já se fazem sentir na carteira dos portugueses: há 43% que diz que não vai conseguir manter o nível de vida (quando em abril de 2020, altura do primeiro confinamento, era 31%). Mais uma vez, as empresas e marcas vão ter de se reajustar a este novo contexto”, refere Sofia Abecasis, sócia fundadora da Boutique Research.

 

Preocupação com o futuro

A preocupação com o futuro está ainda mais elevada do que estava em abril de 2020, altura do primeiro confinamento (75% muito preocupado e 38% extremamente preocupado face a 30% no início da pandemia). 86% considera que a situação económica do país ainda vai piorar bastante ou ligeiramente.

43% afirma que não vai conseguir manter o nível de vida, o que compara com 31% no início da pandemia. Não há ainda um medo de perder o emprego (84% afirma que, de certeza ou provavelmente, não vai perder o emprego), situação que se pode alterar à medida que a retração do consumo comece a afetar as empresas.

Na forma de comprar, e comparando com o segundo confinamento, em fevereiro de 2021, aumenta a importância do preço acessível e das promoções (dois em cada três refere que estes dois atributos são mais importantes do que antes) e aumenta também a procura por marcas próprias (37% no segundo confinamento face a 57% em setembro de 2022) e a utilização de cupões de desconto. Por outro lado, é sacrificada a marca que o consumidor sempre usou, o ser eco e sustentável e a elevada qualidade dos produtos.

Comparativamente com fevereiro de 2021, os portugueses estão a tomar mais medidas de poupança. 80% está mais atento às promoções, 62% compra menos roupa e/ou acessórios, 61% deixa de comprar produtos serviços supérfluos e 57% procura mais marcas próprias

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