O conflito entre a Ucrânia e a Rússia deverá ter um impacto severo em sectores alimentares, como a padaria e os cereais, nos próximos meses, nota a GlobalData.
A consultora explica que, antes do conflito, estava previsto que estes sectores crescessem de 625,8 mil milhões de dólares, em 2020, para 792,9 mil milhões, em 2025, o que representa um ganho global de 167,1 mil milhões de dólares durante o período de cinco anos. No entanto, tendo em conta as posições da Rússia e da Ucrânia como grandes produtores de cereais, este conflito representa uma grande perturbação para a oferta global e para o crescimento do sector.
“A Ucrânia é um produtor de trigo, milho, cevada, centeio, batata e trigo mourisco e, juntamente com a Rússia, fornece uma parte considerável do mercado global de trigo. China, Itália e Espanha, que são mercados-chave para a padaria e cereais, a nível global, são alguns dos principais destinos de exportação do país, pelo que o cenário global do segmento pode mudar drasticamente. As regiões MENA serão especialmente atingidas e, provavelmente, sentirão o maior impacto da subida dos preços”, comenta Amira Freyer-Elgendy, associate analyst de Food & Drink na GlobalData.
Subida de preços
As categorias que estas subidas de preços mais afetarão são os produtos de pequeno-almoço, pão e bolos, e produtos de massa, como bases para pizza e pastelaria, tanto no “foodservice” como no retalho. Estes produtos são considerados essenciais do dia-a-dia e os custos associados à procura de novos fornecedores ou na gestão da escassez dos recursos serão, provavelmente, passados para o consumidor através do aumento dos preços.
Os países afetados poderão oferecer subsídios para mitigar esta escalada, mas, nota a GlobalData, em última análise, os custos mais elevados irão aumentar a pressão sobre 59% dos compradores, que estão extremamente ou muito preocupados com as suas finanças pessoais.
“A invasão russa da Ucrânia, e o seu próprio elevado imposto sobre as exportações, como maior exportador mundial de trigo, ameaça o sector. As repercussões vão ser variadas: da agitação social e da insegurança alimentar ao aumento da procura de trigo ou milho exportado noutras regiões e, claro, a subida massiva dos preços que já estamos a assistir“, acrescenta Amira Freyer-Elgendy.
Alternativas
A Austrália emergiu como um potencial fornecedor para o Médio Oriente, devido a uma colheita especialmente abundante este ano, após um ano de precipitação acima da média. No entanto, os pequenos operadores independentes poderão debater-se por não terem a economia de escala que permita acompanhar os custos de transição para um novo fornecedor.
“Com a Covid-19 e o conflito russo a causarem dificuldades fundamentais para as transferências internacionais, espera-se um impulso para os produtos locais. Muitos governos podem procurar investir na sua produção para reduzir a dependência do mercado global, a longo prazo, ou celebrar novos acordos comerciais com países que produzem cereais alternativos, como o milho. No entanto,
