in ,

Comportamento dos consumidores fragmenta o retalho alimentar na Europa

Foto Shutterstock

Oiça este artigo aqui:

O retalho alimentar na Europa está a tornar-se cada vez mais fragmentado, à medida que os consumidores respondem de forma diferenciada aos desafios económicos e sociais atuais.

Esta é a principal conclusão do mais recente relatório “Consumer Pulse”, elaborado pela consultora dunnhumby, que analisou o comportamento de compra em dez mercados europeus, incluindo cinco novas geografias: Espanha, França, Itália, Alemanha e Polónia.

Segundo o estudo, os consumidores estão hoje mais divididos nas suas estratégias de poupança e de escolha de canal. Embora a inflação tenha abrandado, os consumidores mantêm um perfil cauteloso e pressionado, com 66% a identificar as tarifas comerciais como o fator mais preocupante nas suas decisões de compra — acima da inflação (59%) e do conflito na Ucrânia (52%).

Em resposta, os consumidores continuam a apostar fortemente nos discounters, nas marcas próprias e nas promoções via cupões, procurando manter o controlo sobre os gastos. No entanto, os programas de fidelização dos retalhistas estão a perder eficácia relativa, com uma adesão variável por país: 78% em França contra apenas 33% em Espanha.

 

Crescimento dos retalhistas especializados

Um dos fenómenos mais marcantes identificados é o crescimento dos retalhistas especializados, que ganham terreno como alternativa relevante aos formatos tradicionais. De acordo com o relatório, o número de consumidores que fazem compras nestas lojas cresceu 331% em dois anos, com ênfase na procura por valor percebido, conveniência, opções saudáveis e frescura.

Para Alexander van Toorn, diretor de desenvolvimento de clientes da dunnhumby, a atual fragmentação “exige que os retalhistas repensem as suas propostas de valor e fortaleçam a confiança junto dos consumidores. Aqueles que souberem responder com empatia, consistência e adaptação local terão mais hipóteses de manter a relevância num mercado em rápida mudança”, sublinha.

O estudo conclui que a fragmentação do consumo não é um efeito passageiro, mas uma nova realidade estrutural, impulsionada por mudanças económicas, tecnológicas e sociais, que obrigará o retalho europeu a ajustar as suas estratégias de forma mais ágil e personalizada.

Siga-nos no:

Google News logo

Por Carina Rodrigues

Responsável pela redacção da revista e site Grande Consumo.

brandy imposto China

China impõe tarifa de 35% ao brandy europeu e agrava tensão comercial com a União Europeia

PDD Holdings Temu vendas

Temu dá os primeiros passos no sector alimentar europeu com fornecedores locais