Para lá do “efeito dominó” nas cadeias de abastecimento

Pedro Silva, diretor geral OPCO
Pedro Silva, diretor geral da OPCO

Para os sectores com negócios assentes na importação e exportação, como é o caso do automóvel, 2021 ficou para a história como um ano difícil. Os constrangimentos de circulação impostos pelo período pandémico, os desequilíbrios nos fluxos logísticos à escala global, a que se juntaram a menor disponibilidade de navios e de contentores para transporte, traduziram-se num desafio particularmente complexo para todos quantos procuraram cumprir a sua missão.

Já em 2022, a Europa voltou a viver tempos de guerra e a incerteza decorrente desta que já foi chamada de “tempestade perfeita” promete consequências que se vão fazer sentir durante muito tempo.

 

Dinâmica produtiva

Na indústria automóvel e aeronáutica, as previsões de recuperação da dinâmica produtiva do pré-pandemia no próximo triénio estão, agora, totalmente postas de lado e o “efeito dominó” em curso não augura tempos mais fáceis aos “players”. A situação é como um enredo que se adensa a cada novo dia e deve merecer a nossa reflexão. Senão, vejamos: a Ucrânia, atualmente visada pela agressão militar da Federação Russa, é responsável por grande parte da indústria europeia de mão-de-obra intensiva, assim como um dos maiores produtores mundiais de matérias-primas. A própria Rússia é uma das principais fornecedoras globais de petróleo e gás, mas, uma vez alvo dos múltiplos pacotes de sanções económicas das nações opositoras da guerra, despoletou um aumento significativo dos preços dos combustíveis.

Sendo a logística um dos mais importantes aliados das cadeias de abastecimento, que, por sua vez, alavancam o sector automóvel – toda a indústria, na verdade, por via do abastecimento de matérias-primas e do transporte dos produtos finais -, a rutura é inevitável, assim como o abrandamento económico a um nível continental.

 

Segurança da informação como foco estratégico

A velocidade a que o mundo se adaptou, com a ajuda da tecnologia, a uma gestão simplificada e remota da maior parte dos processos aguarda, agora, por uma estabilização das condições, que reduza a incerteza e permita a normalização do funcionamento deste sistema interligado. Não existem estratégias de risco para situações assim. Tão pouco, planos de contingência que aguentem a duração de crises como esta.

Agir passa, por isso, por uma resposta, também ela, multifacetada. Foquemo-nos em dois aspetos que me parecem fundamentais: além da disrupção dos fluxos de materiais, urge protegermos os fluxos de informação, com investimento ao nível da ciber resiliência, formação e normas das empresas. Nunca como agora a segurança da informação foi um foco mais estratégico, sendo que a quantidade enorme de dados que está ao nosso dispor deve impulsionar análises e decisões mais consistentes.

 

Compromissos

Numa linha de ação paralela, conhecida que é a pegada ecológica da “supply chain”, há que encarar os compromissos que o sector tem para com o ambiente. Investir em alternativas viáveis aos combustíveis fósseis, que reduzam a dependência e concretizem a desejada transição energética, ajudará o pulmão logístico e o mundo.

 

Pedro Silva, diretor geral OPCO
Pedro Silva
diretor geral da OPCO

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