O retalho enquanto aliado na adoção da mobilidade elétrica

José Maria Sacadura, Cofundador e General Manager da Powerdot

A mobilidade elétrica está rapidamente a afirmar-se como uma das tendências no sector automóvel mais influentes e revolucionárias dos nossos tempos. Em 2022, a Europa já contava com cerca de 2,8 milhões de pontos de carregamento para veículos elétricos (VE), um aumento impressionante de 73% em relação a 2021, de acordo com o último relatório da Associação Europeia dos Fabricantes de Automóveis (ACEA). Este crescimento substancial é reflexo da crescente consciência ambiental e dos avanços tecnológicos contínuos que tornam os VE mais acessíveis e práticos para o público em geral.

No entanto, mesmo perante todo este progresso, persistem algumas preocupações por parte dos condutores e uma das principais é o medo de ficar sem bateria durante uma viagem. Este receio da autonomia limitada dos veículos elétricos pode ser uma barreira significativa para muitas pessoas que consideram a transição para esta nova forma de mobilidade. É neste cenário que o conceito de “destination charging” emerge como forma de desmistificar estas apreensões e impulsionar ainda mais a mobilidade elétrica.

 

Destination charging

Para quem não está familiarizado, o “destination charging” é uma abordagem estratégica que se concentra na instalação de pontos de carregamento em locais onde os condutores passam frequentemente o seu tempo, tais como centros comerciais, restaurantes, hotéis, ginásios e outros pontos de interesse. Esta visão não só oferece conveniência aos condutores de VE, mas também transforma a experiência de utilização destes veículos. A necessidade de alocar tempo exclusivamente para carregar o veículo desaparece, tornando o carregamento uma parte integrada da rotina diária, diminuindo a preocupação com a autonomia do veículo e eliminando a necessidade de planear meticulosamente cada viagem.

Além disso, este conceito proporciona aos condutores uma flexibilidade adicional. O fácil acesso a pontos de carregamento em destinos do dia-a-dia elimina a ansiedade relacionada à possibilidade de ficar sem bateria durante uma deslocação diária.

 

Retalho com papel crucial

Atualmente, o sector do retalho desempenha um papel crucial na viabilização do conceito de “destination charging”. As empresas deste sector estão a contribuir substancialmente para a expansão da infraestrutura de carregamento, tornando os seus espaços mais atrativos tanto para os clientes existentes como para possíveis novos consumidores.

Por exemplo, consideremos os centros comerciais. A instalação de pontos de carregamento nesses locais não só atrai novos clientes, mas também fideliza os já existentes. Os consumidores que possuem VE valorizam a possibilidade de carregar os seus veículos enquanto fazem compras. Isto cria uma experiência de compra mais conveniente e agradável, tornando os centros comerciais destinos ideais para os proprietários de VE e fazendo com que os condutores escolham um centro comercial com carregadores em detrimento de outro que não os tem.

Restaurantes que oferecem pontos de carregamento atraem consumidores que desejam desfrutar de uma refeição enquanto os seus carros estão a ser carregados. Da mesma forma, o mesmo pode acontecer em locais de entretenimento, como teatros e cinemas.

Existem mesmo algumas cadeias de hotéis que já estão a beneficiar deste conceito. Aqueles que disponibilizam pontos de carregamento oferecem comodidade extra aos hóspedes que chegam com um VE. Creio mesmo que isto possa ser um fator diferenciador na escolha de alojamento para muitas pessoas, incentivando a adoção de um turismo sustentável.

 

Colaboração benéfica

Acredito que a colaboração entre o sector do retalho e a indústria automóvel pode ser mutuamente benéfica. Os retalhistas podem atrair mais clientes e aumentar a fidelização, enquanto contribuem para a expansão da infraestrutura de carregamento. Os fabricantes de VE, por sua vez, contam com uma rede de carregamento conveniente e acessível, em franco crescimento, o que torna os veículos elétricos uma escolha mais atraente para os consumidores.

Adicionalmente, este esforço conjunto tem um impacto ambiental muito positivo, contribuindo para a redução das emissões de carbono e promovendo um ambiente mais sustentável. A transição para uma mobilidade elétrica mais alargada não é apenas uma mudança na tecnologia, mas uma transformação na forma como nos movemos no mundo. E o sector do retalho desempenha um papel vital nesta transformação, tornando a mobilidade elétrica mais acessível, prática e atrativa para todos.

Este artigo foi publicado originalmente na edição N.º 83 da Grande Consumo.

Siga-nos no:

Google News logo

José Maria Sacadura, Cofundador e General Manager da Powerdot
José Maria Sacadura
Cofundador e General Manager da Powerdot

Vitor Silva, Vice President Operations da Foundever

Cinco tendências a reter para um serviço ao cliente de excelência

Pedro Pimentel, diretor geral Centromarca

2024 marcará o início de um novo ciclo?