Devoluções sustentáveis: um paradoxo ou uma nova realidade?

Mariana Jota, Diretora de Estratégia da Vonzu
Mariana Jota, Diretora de Estratégia da Vonzu

Quantos de nós não estivemos já a um clique de comprar uns sapatos ou uma camisola e não o fizemos por medo de não acertar no tamanho? Com a força e destaque que o comércio digital tem vindo a ganhar no nosso dia-a-dia, é essencial que este tipo de negócios se foque em resolver uma das principais barreiras que ainda parecem atuar como um impeditivo ao seu sucesso: as devoluções.

Um estudo da ComScore indica que, por ano, são feitas devoluções em lojas online num valor total de cerca de 642,6 mil milhões de dólares. É por isto que, atualmente, se torna profundamente indispensável que qualquer negócio que se queira destacar ofereça aos seus clientes a possibilidade de devolver, de forma simples e eficaz, os produtos que adquirem. Embora possa parecer que o processo de devolução é apenas uma pequena parte das operações logísticas de um negócio, não gerir adequadamente os desafios logísticos inerentes a esta temática compromete não só a rentabilidade do negócio, como também a satisfação dos clientes.

 

Tendências

Quando analisadas as principais tendências que se irão verificar neste sector a curto e médio prazo, nomeadamente no que diz respeito às preocupações com a responsabilidade e sustentabilidade empresarial, é fácil compreender o porquê de a logística inversa ter vindo a ganhar destaque. Esta prática inclui todos os processos que impliquem o regresso de uma encomenda ao seu vendedor ou fabricante, desde devoluções e reciclagens a reparações e remanufaturas. Havendo uma procura cada vez maior por opções de devolução, troca e, até mesmo, reciclagem de produtos, é fundamental adaptar a forma como se gerem as cadeias de abastecimento, de modo a ter em conta os possíveis retornos das encomendas.

Em primeiro lugar, os benefícios económicos associados a esta prática logística são bastante claros. O facto de proporcionar ao consumidor opções de devolução permite reduzir custos relativos ao processo de produção e evitar gastos desnecessários que, a longo prazo, poderiam ter impactos reais nas receitas. Isto porque, em grande parte, a aplicação de políticas dedicadas e uma gestão acertada de processos de logística inversa contribuem para uma diminuição na quantidade de matérias-primas utilizadas e, subsequentemente, do investimento alocado à produção propriamente dita, o que se traduz numa contenção dos custos totais.

 

Economia

Além de poupar dinheiro, é possível ainda poupar o planeta e os seus recursos. Cada vez mais, os consumidores estão conscientes da pegada ambiental das suas compras e agem em conformidade com esta realidade, procurando fazer escolhas mais conscientes e com impacto reduzido. Não só o aumento desta consciência ecológica, como também as crescentes exigências legislativas neste sentido fazem com que as organizações devam investir numa maior responsabilidade corporativa no que diz respeito ao ciclo de vida dos produtos que comercializam, contribuindo, assim, para uma economia mais sustentável e circular. Reciclar e reutilizar materiais tem-se tornado, impreterivelmente, a sua própria fonte de rendimento – e de reputação.

É, hoje em dia, mais importante do que nunca procurar estratégias que tenham em vista a satisfação e consequente fidelização dos clientes e são várias as empresas que têm vindo a desenvolver políticas de devolução de produtos mais acessíveis e alinhadas com as necessidades destes. Trabalhando na área da logística, é-me inevitável salientar a importância de qualquer negócio ouvir o seu público e trabalhar no sentido de se alinhar com aquelas que são as suas expectativas; afinal, como pode sobreviver um negócio se não tiver algo que o seu público deseje?

Mariana Jota, Diretora de Estratégia da Vonzu
Mariana Jota
Diretora de estratégia da Vonzu

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