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Arroz e massas com resultados menos positivos

A categoria das massas alimentares e do arroz apresentou resultados menos positivos em relação ao ano anterior. No caso das massas, foram vendidos 54,5 milhões de quilogramas, gerando um total de 70,4 milhões de euros. Apesar de em quantidade o número de quilogramas ter descido 1%, o valor gerado subiu em igual proporção, o que se explica por um aumento dos preços do produto. No caso do arroz, os 90 milhões de quilogramas comercializados, equivalentes a 74,9 milhões de euros, revelam uma variação negativa de 4% tanto em volume como em valor.

Jorge Parreira, diretor comercial e de marketing da Orivarzea, confirma este decréscimo no consumo de arroz. “Segundo o Instituto Nacional de Estatística, o consumo de arroz situa-se entre as 150 e as 160 mil toneladas. No caso da Orivarzea e das suas marcas Bom Sucesso, Belmonte e Baby Rice, há cerca de quatro anos que mantemos valores constantes de venda, não verificando sazonalidade neste produto”.

Considerado uma “commoditty’, um produto de preço, o arroz “obriga” as marcas a trabalharem para ser vistas como uma mais-valia, de forma a conquistar as preferências dos consumidores. “Os consumidores já olham para o nosso arroz como um produto diferenciador, quer pela uniformidade e qualidade, quer pela embalagem, imagem e estratégia de comunicação”, explica Jorge Parreira.

A Orivarzea, uma das maiores produtoras nacionais de arroz, vendeu no último ano mais de sete milhões e meio de arroz carolino. “Neste momento, o arroz agulha já tem uma quota de mercado maior que a do carolino, mas no caso das nossas marcas a predominância de consumo é de carolino. Hoje, as nossas marcas são líderes em algumas insígnias no arroz tipo carolino. Penso que o arroz carolino tem hoje outro valor que não tinha há quatro anos atrás. Grande parte dos profissionais de cozinha já consome, trabalha e dá a cara pelo arroz carolino e isso é um sinónimo da qualidade do produto”, acrescenta.

Já a Mundiarroz vê o mercado de outra forma. Detentora da conhecida marca Cigala, as Arrozeiras Mundiarroz observam a emergência de outras variedades e a diminuição da importância do carolino. “O arroz agulha continua na liderança, como o mais comprado pelos portugueses. Porém, vemos outras variedades a emergir em crescimento e assistimos à diminuição da importância do carolino. Portugal é o país europeu com o maior consumo per capita, contudo, o volume tem vido a decrescer de ano para ano. A introdução de novos hábitos gastronómicos levou sobretudo à utilização de arrozes mais versáteis como guarnição, destacando-se os produtos vaporizado e basmati”, explica João Potier, administrador da Arrozeiras Mundiarroz. Com uma oferta de produtos abrangentes, a Cigala acrescentou recentemente novos produtos à sua oferta. Na gama Cigala Banzai Noodle já é possível encontrar o novo sabor a camarão, na gama de arroz pronto a comer as novidades são os novos sabores lima manjericão e também quinoa e quatro cereais.

Não sendo o arroz um produto sazonal, e apesar do forte aumento promocional, comum a outras categorias, o mercado tem vindo a perder tanto em volume como em valor. João Potier salienta ainda a preferência dos consumidores pelas marcas próprias e primeiros preços, que só pode ser combatida com a qualidade dos fabricantes. “O mercado dos bens de grande consumo é dominado pelas marcas da distribuição; contudo, há marcas de fabricante que pela qualidade dos seus produtos se diferenciam dos restantes. É o caso do arroz Cigala”, acrescenta.

André Coelho, da direção de marketing da Novarroz, perspetiva um futuro de liderança do arroz agulha, à semelhança do que já acontece. “Existe, de facto, um aumento da preferência pelo que é tradicional e nacional. Mas há um longo trabalho pela frente para inverter a tendência dos últimos anos, que é o aumento de consumo do arroz agulha, significativamente superior ao do carolino. De forma global, não verificamos um aumento do consumo do arroz. Verificamos, sim, uma alteração de preferências. Variedades como arroz para risotto, paella, sushi ou aromáticas. como jasmim e basmati, têm verificado um aumento do consumo, em detrimento de outras variedades, como o arroz agulha, por exemplo”, explica.

Massas
Também o mercado das massas alimentares registou um volume de vendas mais baixo, mas um valor de receitas mais elevado, fruto do aumento de preços nesta categoria. Segundo dados da Nielsen, no ano móvel findo a semana 35/2016, a categoria transacionou 54,5 milhões de quilogramas, o que representa um decréscimo de 1% face ao igual período de 2015. Em termos de valor, a categoria gerou 70,4 milhões de euros, num crescimento de 1% face ao período homólogo. “O ano de 2016 tem sido um ano de estagnação no que respeita ao consumo de massa em Portugal, embora com ligeiro crescimento das vendas em valor”, declara João Paulo Rocha, diretor de marketing da Cerealis.

A empresa portuguesa é a “mãe” de duas das marcas de massas alimentares mais conhecidas do mercado nacional, a Nacional e a Milaneza. João Paulo Rocha destaca a disponibilidade e aceitação dos consumidores em relação às novidades que as marcas vão acrescentando ao mercado. “As massas alimentícias fazem parte do cabaz base dos consumidores portugueses, com uma elevadíssima penetração nos lares. O preço, como em outras categorias, é um ‘driver’ importante, mas a qualidade, o sabor e a inovação são absolutamente decisivos. Os portugueses estão muito disponíveis para as novidades, facto que se comprova pela quota cada vez maior dos lançamentos neste mercado. Nos últimos anos, tem havido uma transição do esparguete para as massas cortadas, que hoje é o segmento líder”.

Consumidas, geralmente, de forma igual ao longo de todo o ano, a exceção está na aletria, fortemente relacionada com as épocas do Natal e da Páscoa. A marca Milaneza tem surpreendido os consumidores com lançamentos frequentes de diversas novidades. Massas com vegetais e vitamina D, couscous e a gama de massas para o wok são algumas das novidades apresentadas ao mercado. Para o diretor de marketing da Cerealis, o facto de as massas alimentares estarem inseridas roda dos alimentos, e conotadas como parte integrante de uma alimentação saudável e equilibrada, ajuda ao negócio. “As massas alimentares são um produto 100% natural. De acordo com a roda dos alimentos, devemos consumir diariamente quatro a 11 porções do grupo dos cereais e derivados e tubérculos, uma vez que estes são fornecedores da energia de que o nosso corpo precisa. Os vetores de desenvolvimento e comunicação da marca têm sido, precisamente, a inovação, o prazer e a nutrição”, explica.

João Paulo Rocha espera que, no futuro, se continue a acrescentar valor à categoria através de inovação, garantia de qualidade e uma melhoria da experiência de compra, elevando a qualidade e a organização dos lineares de massas nas diversas áreas comerciais.

Este artigo foi publicado na edição 42 da Grande Consumo.

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