Oiça este artigo aqui:
O Alibaba apresentou resultados abaixo das estimativas dos analistas para o seu quarto trimestre fiscal, encerrado a 31 de março. O gigante chinês do e-commerce registou uma receita de 236,45 mil milhões de yuans (cerca de 30,2 mil milhões de euros), ligeiramente abaixo da previsão média de 237,24 mil milhões de yuans.
Os lucros ajustados por American Depositary Share ficaram nos 12,52 yuans (cerca de 1,74 dólares), também aquém dos 12,94 yuans esperados.
Consumidores cautelosos
O Alibaba continua a enfrentar forte concorrência de operadores como a JD.com e a Pinduoduo (PDD Holdings), num mercado onde os consumidores, afetados pela crise do sector imobiliário e pela incerteza económica, demonstram cada vez maior sensibilidade ao preço.
“Os consumidores estão mais cautelosos e procuram preços baixos — é uma tendência clara que está a mudar a dinâmica do mercado”, indicou o grupo no relatório aos investidores.
A resposta das plataformas tem sido uma guerra de descontos e promoções agressivas. Mesmo assim, a divisão doméstica Taobao e Tmall cresceu quase 9% em receita, sustentada por um aumento no número de consumidores e de encomendas.
Aposta no retalho instantâneo e novos formatos
O Alibaba reforçou também os investimentos no chamado retalho instantâneo — entregas em 30 a 60 minutos —, uma área em que espera conquistar milhões de novos utilizadores.
“Hoje, este mercado poderá representar entre 500 a 600 milhões de consumidores. No futuro, pode facilmente atingir 1.000 milhões”, afirmou Jiang Fan, CEO do Alibaba E-commerce Business Group.
Esta estratégia inclui cupões e incentivos para os utilizadores testarem os novos serviços, num modelo que visa combinar conveniência com fidelização rápida.
Crescimento no comércio internacional e cloud, mas abaixo do previsto
A unidade de comércio internacional (AIDC), que inclui o AliExpress, cresceu 22%, embora tenha ficado abaixo das expectativas (26,4%). A incerteza em torno das tarifas internacionais, nomeadamente entre a China e os Estados Unidos, continua a ser um fator de risco. “Existem incertezas nas regulações do comércio global, o que nos obriga a ajustar estratégias de forma constante”, referiu o CEO do grupo, Eddie Wu, admitindo que a rentabilidade nesta área deverá ser alcançada no próximo exercício.
Já a divisão Cloud Intelligence, foco estratégico do grupo, cresceu 18%, alcançando 30,13 mil milhões de yuans (cerca de 3,8 mil milhões de euros). O Alibaba mantém uma posição de liderança no desenvolvimento de modelos de IA, tendo lançado em abril o Qwen 3, versão atualizada do seu modelo principal com novas capacidades de raciocínio híbrido.
À medida que se aproxima o festival 618, um dos maiores eventos de compras online na China (culmina a 18 de junho), o Alibaba deposita esperança numa retoma de confiança do consumidor. No entanto, a pressão concorrencial e as políticas comerciais instáveis mantêm o cenário incerto.