Apesar do ano absolutamente atípico, o financiamento especializado manteve o seu peso no mercado nacional, continuando a assegurar um contributo para a formação do PIB português, confirma a Associação Portuguesa de Leasing, Factoring e Renting (ALF).
Factoring
Numa conjuntura económica de contração devido à pandemia de Covid-19, o factoring registou um decréscimo total de 6,9%, em 2020, totalizando 31,5 mil milhões de euros em créditos tomados. Pela primeira vez em seis anos, o sector registou uma quebra no crescimento, contudo inferior à de 7,6% verificada no PIB português, segundo a estimativa divulgada pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). Desta forma, estima-se que, em 2020, o factoring tenha aumentado o seu peso no PIB nacional para cerca de 16%.
O factoring doméstico manteve a tendência geral, diminuindo 6,4%, com valores de produção na ordem dos 15,1 mil milhões de euros. Na vertente internacional, a quebra foi de 17,7%, totalizando 3,9 mil milhões de euros em créditos tomados, dos quais 3,7 mil milhões de euros no factoring à exportação (redução de 18,4%) e 195 milhões de euros no factoring à importação (crescimento de 0,1%).
No confirming (serviço em que a instituição de factoring efetua o pagamento aos fornecedores do seu cliente, podendo estes solicitar a antecipação do mesmo), observou-se um decréscimo de 3,6% da atividade, traduzindo-se em 12,5 mil milhões de euros em créditos tomados.
Renting
Os resultados apresentados pela ALF para o sector do renting revelam, também, uma quebra na trajetória de crescimento observada nos últimos anos, revelando uma redução de 27,5% no número de viaturas adquiridas em 2020, face a 2019, com um total de 27.115 veículos adquiridos em renting (dos quais, 22.451 correspondem automóveis ligeiros de passageiros e 4.664 ligeiros comerciais). Este recuo no sector é, contudo, menor do que o manifestado no mercado automóvel português, que deverá ter sofrido uma perda de 33,9% em 2020, face ao período homólogo.
A desaceleração no renting corresponde a uma diminuição de 26,8% no valor de produção anual, para 557,3 milhões de euros, comparativamente a 2019, em que ascendeu a 761,4 milhões de euros).
A dimensão total deste sector acabou por diminuir apenas marginalmente face à produção nova, com a frota total gerida pelas empresas de renting a contrair apenas 2,4% em número de viaturas, totalizando 118.805 viaturas, no valor de 1,91 mil milhões de euros (menos 1,1% do que no ano transato), resultados para os quais contribuíram o prolongamento dos contratos que terminavam em 2020.
Leasing
Em 2020, de acordo com as estimativas da ALF, o leasing apoiou investimentos de 2,4 mil milhões de euros, com uma queda de 22,3% no total da produção, em comparação com 2019.
A menor quebra foi observada na locação financeira imobiliária, que registou um decréscimo de 12,5% em valor, com uma produção de 740 milhões de euros, sendo que, em 2020, 90% do valor destes investimentos foi alocado a contratos efetuados por empresas ou entidades públicas.
Já a locação financeira mobiliária foi responsável por 1,6 mil milhões de euros em investimentos, menos 26,0% do que em 2019. Perto de 1,04 mil milhões de euros do total foi investido na contratualização de viaturas em leasing, que correspondem a 33.411 contratos: 795 milhões de euros foram aplicados em viaturas ligeiras (dos quais, 553 milhões foram contratualizados por empresas e 241 milhões de euros por particulares) e 249 milhões de euros em viaturas pesadas. Os remanescentes 566 milhões de euros foram investidos em equipamentos, correspondendo a 8.454 contratos, segundo os dados estimados.
Financiamento especializado
Para o presidente da ALF, Alexandre Santos, “apesar das quebras observadas, o financiamento especializado demonstrou manter o seu peso na economia portuguesa e importância para o tecido empresarial, continuando a disponibilizar o seu apoio e, até, reforçar a sua importância, como no caso do factoring, que assume um peso preponderante face ao PIB nacional, e do renting, no sector da mobilidade automóvel”.
O porta-voz da ALF destaca ainda que 2021 iniciou com a esperança de que a existência de planos sanitários e de recuperação económica possam contribuir para alguma recuperação, “mas nada se produzirá de forma automática e cada um terá de contribuir à medida das suas possibilidades para um processo de regresso ao crescimento económico, que não estará isento de contrariedades. Os sectores representados pela ALF são responsáveis por injetar confiança no mercado e contribuir enquanto agentes de transformação positiva. Sem uma recuperação do mercado não se alcançarão objetivos ,como a renovação do parque automóvel, com vista à redução de emissões de CO2, para a qual o renting e leasing muito têm contribuído com um crescente número de matrículas de elétricos ou propulsionados por energias alternativas”.