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A Associated British Foods (AB Foods), proprietária da Twinings e da Primark, entre outras marcas, anunciou estar a considerar a separação da cadeia de moda do restante grupo, num movimento que poderá representar a maior transformação na história do conglomerado britânico.
Quase 60 anos após a abertura da primeira loja Primark, a empresa estuda a possibilidade de criar uma entidade independente, num sinal claro de que o retalhista de moda ultrapassou as origens alimentares do grupo. A decisão final deverá ser tomada até abril de 2026, com um eventual desmembramento a ocorrer nos 18 meses seguintes.
“Chegámos a um momento em que a dimensão da empresa é tal que faz sentido questionar as formas tradicionais de operar”, afirma George Weston, CEO da AB Foods e neto do fundador, Garfield Weston, à Bloomberg. Caso a cisão avance, George Weston manter-se-á à frente da divisão alimentar, núcleo histórico da empresa desde 1935, que integra marcas como a já referida Twinings, mas também Ryvita, Kingsmill, Patak’s e Silver Spoon.
Primark
Atualmente, a Primark representa a maior parte dos lucros operacionais da AB Foods, com vendas anuais de quase 11,7 mil milhões de euros (equivalentes a 10 mil milhões de libras) em 18 mercados. O sucesso da insígnia, contudo, trouxe também desafios: enfrenta concorrência feroz de plataformas como a Shein, que ameaçam o seu modelo de baixo preço baseado exclusivamente em lojas físicas.
Apesar da expansão contínua — incluindo o reforço do serviço click-and-collect e o lançamento de uma app em teste na Irlanda e Itália —, as vendas comparáveis caíram no último exercício fiscal e a retalhista ainda procura um novo CEO permanente, após a saída de Paul Marchant.
A família Weston continuará a deter o controlo de ambas as empresas através da sua holding Wittington Investments, caso a separação se concretize. As ações da AB Foods recuaram 3,9% após o anúncio, embora mantenham uma valorização acumulada de 12% desde o início do ano.



