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A sexta edição do relatório anual State of Sales and Marketing Report 2025, realizado pela Pipedrive, veio desafiar a visão tradicional sobre produtividade no sector das vendas. Através de um inquérito a cerca de mil profissionais de 85 países, o estudo revela que o verdadeiro motor do sucesso não está nas horas extra, mas sim em modelos de trabalho mais saudáveis e na integração consciente da inteligência artificial (IA) no quotidiano das equipas.
O relatório aponta para uma tendência preocupante: três quartos dos profissionais de vendas continuam a fazer horas extraordinárias, superando o número registado no ano anterior. No entanto, esta dedicação não se reflete em melhores resultados. Muito pelo contrário, a investigação mostra uma clara desconexão entre o tempo de trabalho despendido e o alcance de metas. Segundo Paulo Cunha, CEO da Pipedrive, “dedicar horas extraordinárias ao problema não está a funcionar: existe uma clara desconexão entre as horas trabalhadas e as metas atingidas. Em vez de impulsionarem o desempenho, as horas extraordinárias estão a gerar fadiga, baixo rendimento e desequilíbrio”.
Semana de 4 Dias: mais satisfação e resultados
A pesquisa revela que profissionais que aderiram à semana de trabalho de quatro dias têm 8% mais probabilidade de atingir as suas quotas, além de reportarem maior satisfação com o equilíbrio entre vida profissional e pessoal. Em contraste, os que acumulam horas a mais acabam por registar pior desempenho, desmentindo o mito de que trabalhar mais horas significa obter melhores resultados. O estudo destaca ainda uma mudança geracional: colaboradores entre os 18 e os 25 anos são os que menos recorrem a horas extra, sinalizando uma busca ativa por limites laborais mais positivos.
Inteligência Artificial: benefícios claros, adoção lenta
Apesar de apenas 37% dos profissionais de vendas e 41% dos de marketing utilizarem de forma ativa a IA nos seus processos, sendo que os benefícios são evidentes entre quem já adotou estas ferramentas. Setenta e quatro por cento dos inquiridos afirmam que a IA aumentou a produtividade e 67% apontam que economizam entre duas e cinco horas semanais graças à tecnologia. Contudo, preocupações com privacidade e segurança dos dados ainda travam a adoção em larga escala, sendo partilhadas por 35% a 40% dos participantes. Além disso, 60% temem que a IA possa vir a substituir empregos, embora 53% reconheçam que formação e educação podem atenuar esta ansiedade.
Para Paulo Cunha, o sector precisa de repensar o conceito de produtividade: “não se trata de trabalhar mais tempo, mas de trabalhar melhor. Permitir às pessoas que se concentrem em trabalhos significativos, utilizem ferramentas inteligentes e protejam o seu tempo, pois além de promover o bem-estar, é essencial para atingir resultados”.
A conclusão do relatório é clara: o equilíbrio entre a adoção de tecnologia e modelos de trabalho saudáveis é crucial para a motivação e o desempenho das equipas de vendas. A aposta em semanas de trabalho mais curtas e na formação para o uso consciente da IA surge como caminho promissor para um futuro onde produtividade e bem-estar caminham lado a lado.
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