O estudo “Observador Cetelem Consumo em tempos de inflação 2022” procurou avaliar a perceção que os consumidores têm da evolução do seu poder de compra nos últimos meses. Segundo as conclusões, quatro em cada 10 portugueses diz que o seu poder de compra diminuiu nos últimos 12 meses.
Comparando-se os dados relativamente ao género, idade e classe social, o estudo conclui que o poder de compra diminuiu mais junto dos inquiridos do género feminino (45%), dos com mais de 65 anos (52%) e de classes com menores rendimentos (63%). Fazendo uma avaliação por região, também se observa que os portugueses inquiridos residentes na região Centro foram aqueles que mais sentiram o seu poder de compra diminuir (61% Centro versus 48% Sul e 34% Norte).
Já 44% dos portugueses inquiridos revela que o seu poder de compra permaneceu estável e cerca de 13% que aumentou. No entanto, comparando com o inquérito realizado em novembro de 2021, há também menos consumidores a considerarem que o seu poder de compra aumentou ou permaneceu estável (menos oito pontos percentuais).
Fatores de impacto
Quando questionados sobre os fatores que podem ter tido mais impacto na diminuição do poder de compra, os inquiridos apontam responsabilidades ao aumento dos preços dos produtos de uso diário (64%), dos combustíveis (59%), da energia (57%), das despesas fixas (34%) e dos custos com a habitação (32%).
Comparando a nível regional, os inquiridos do norte são os que sentem mais o impacto do aumento dos preços de combustível no seu poder de compra (64% versus 61 Centro e 55% Sul), enquanto os inquiridos da região Centro sentem que o seu poder de compra diminuiu devido ao aumento dos preços dos produtos de uso diário (75% versus 66% Norte e 62% Sul). Já os residentes no sul do país consideram que se deveu à diminuição de rendimentos (36% versus 30% Centro e 26% Norte).
Impacto da guerra
Segundo o estudo, metade dos portugueses (52%) aceita que o seu poder de compra diminua por consequência da guerra na Europa. Fazendo uma avaliação por idade, observa-se que são os jovens aqueles que são mais compreensivos face a esta situação, nomeadamente dos 25 aos 34 anos (58%) e dos 18 aos 24 anos (57%). Os residentes na zona metropolitana do Porto demonstram-se também mais compreensivos que os de Lisboa (63% versus 49%).
Como prova de que os consumidores estão também cada vez mais ativistas e se mantêm atentos ao posicionamento das marcas face a este conflito, 80% dos inquiridos diz que equaciona boicotar marcas que compactuem, de alguma forma, com a guerra, considerando este um critério importante no momento de escolha de um produto.