Num mundo cada vez mais centrado na produtividade, a introdução da inteligência artificial no meio empresarial trouxe benefícios económicos e cada vez mais empresas a introduziram no seu negócio, independentemente do sector a que pertencem. De facto, em 2017, apenas 20% das empresas inquiridas empregava inteligência artificial em, pelo menos, uma área de negócio, enquanto atualmente esse número subiu para 50%.
Esta é uma das principais conclusões do estudo da McKinsey & Company, “The state of AI in 2022 – and a half decade in review”, que recolheu dados de 1.492 inquiridos de vários cargos, áreas, regiões, indústrias e empresas de diferentes dimensões.
De acordo com os dados do estudo, além do número de empresas que utilizam inteligência artificial, também houve uma duplicação do número de aplicações utilizadas, de 1,9 em 2018 para 3,8 em 2022. A automatização robótica de processos (39%) e a visão computacional (34%) continuam a ser as mais utilizadas em cada ano, enquanto as redes generativas antagónicas e os transformadores são as menos utilizadas, com 11%.
Atualmente, estas aplicações são maioritariamente utilizadas para otimização de processos, ocupando o topo da lista durante os últimos quatro anos, com 24% dos inquiridos, e a criação de novos produtos de inteligência artificial com 20%, enquanto a modelagem e análise de risco e o serviço de previsão e intervenção encontram-se no fim da lista, com 15% e 14%, respetivamente.
“Durante os últimos três anos, incluímos no grupo de empresas com alto desempenho em inteligência artificial as organizações com maior impacto da sua adoção nos resultados financeiros, ou seja, 20% ou mais do EBIT. O número de inquiridos pertencentes a este grupo tem-se mantido em cerca de 8%. O estudo indica que estas empresas têm um melhor desempenho porque a inteligência artificial está a acelerar o crescimento dos lucros e ao mesmo tempo apontam que os custos estão a ser reduzidos“, afirma Benjamim Vieira, sócio sénior da McKinsey.
Atração de talento no sector da inteligência artificial
Este desempenho em inteligência artificial está diretamente relacionado com a atração de talento, uma vez que as empresas com melhor desempenho têm uma maior facilidade em encontrar talentos tecnológicos. Esta lacuna é particularmente percetível para os cientistas de dados sobre a inteligência artificial. Enquanto 60% das empresas com melhor desempenho acrescentou este perfil à sua equipa, apenas 31% das empresas de desempenho médio o fez. O mesmo problema é observado com os engenheiros de aprendizagem automática, tendo apenas 27% das empresas de desempenho médio incorporado um, comparando com 58% das empresas com melhor desempenho.
De acordo com o estudo, os engenheiros de software são a profissão de inteligência artificial mais contratada no último ano, com 39% das empresas a afirmar tê-lo feito. Seguem-se os engenheiros de dados, com 35%, e os cientistas de dados, com 33%. Estes dados demonstram que muitas empresas passaram da perceção da inteligência artificial como uma experiência para a incorporação no seu negócio.
A análise da McKinsey indica que, para resolver este problema, a estratégia mais popular entre todos os inquiridos é a de formar os seus colaboradores, com 47% das empresas a afirmar que já o faz. Outras estratégias, como o recrutamento em boas universidades, são também comuns, com 36% das empresas de desempenho médio a fazê-lo, ou em empresas tecnológicas líderes, com 23%.
“No caso em que a empresa opta pela formação em inteligência artificial para os seus colaboradores, é importante notar que as empresas com melhor desempenho oferecem programas de desenvolvimento de competências de inteligência artificial experimentais, enquanto as empresas com desempenho médio têm mais probabilidades de se limitarem a oferecer cursos online autodirigidos. Os inquiridos das empresas com melhor desempenho são quase três vezes mais propensos do que os das outras a afirmar que as suas empresas têm programas de capacitação para desenvolver as competências em matéria de inteligência artificial do seu pessoal tecnológico“, acrescenta Benjamim Vieira.
Diversidade no campo da inteligência artificial
O estudo salienta também que, no campo da inteligência artificial, a diversidade é um assunto ainda por resolver. A proporção de mulheres nas equipas das organizações inquiridas é de apenas 27%, enquanto a proporção de minorias raciais ou étnicas que desenvolvem soluções para a inteligência artificial é de apenas 25%. Para colmatar esta lacuna, 46% dos inquiridos afirma que a sua empresa oferece programas para aumentar a diversidade de género nas equipas de soluções de inteligência artificial, enquanto 33% indica que a sua empresa tem programas para aumentar a diversidade racial e étnica.
Esta falta de diversidade influencia também no desempenho da empresa, que perde a oportunidade de a aumentar. De acordo com os dados do inquérito, as organizações com mais de 25% de mulheres têm 3,2 vezes mais probabilidades do que outras de terem um elevado desempenho em matéria de inteligência artificial. Enquanto as que têm, pelo menos, 25% de colaboradores de minorias raciais ou étnicas têm mais do dobro da probabilidade de ter um elevado desempenho em termos de inteligência artificial.
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