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A Comissão Europeia continuará a pressionar para que os vinhos e bebidas espirituosas exportados para os Estados Unidos beneficiem de uma tarifa preferencial, que os isente da taxa de 15% aplicada à maioria dos produtos no âmbito do recente acordo comercial entre a UE e os EUA, afirmou esta quinta-feira o comissário europeu do Comércio.
“Há um compromisso claro da Comissão Europeia em colocá-lo novamente em cima da mesa”, disse Maros Sefcovic, quando questionado sobre a ausência de uma taxa preferencial para este sector, reporta a Reuters.
As declarações de Sefcovic surgem após a União Europeia e os Estados Unidos detalharem os compromissos assumidos no acordo alcançado no mês passado, o qual impõe uma tarifa de 15% sobre a maioria das importações europeias, incluindo automóveis, produtos farmacêuticos, semicondutores e madeira.
A mesma taxa é aplicada às exportações europeias de vinhos e bebidas espirituosas, apesar dos esforços do sector para garantir uma tarifa mais baixa, ou mesmo nula. Isto significa que os consumidores norte-americanos de produtos como Champanhe francês, whiskey irlandês ou Prosecco italiano poderão enfrentar aumentos significativos nos preços, com as tarifas a afetarem cerca de 10 mil milhões de dólares por ano em importações de bebidas alcoólicas, segundo analistas.
Entre as marcas afetadas encontram-se a cerveja Guinness da Diageo e o whiskey Jameson da Pernod Ricard.
Tarifas zero
O Distilled Spirits Council of the United States, associação que representa produtores e distribuidores de bebidas espirituosas nos EUA, apelou ao restabelecimento permanente de tarifas zero de ambos os lados e manifestou deceção com o facto de não ter sido alcançada uma taxa preferencial.
“Sem um regresso permanente às tarifas zero sobre bebidas espirituosas, os destiladores norte-americanos não têm a certeza necessária para planear o futuro crescimento das exportações e do emprego, sem receio do regresso de tarifas retaliatórias”, declarou a organização.
Acrescentou ainda estar “determinada a continuar a dialogar com a administração Trump para promover novas negociações”.
Esse apelo foi partilhado por Hervé Dumesny, diretor-geral da spiritsEUROPE, associação europeia da indústria de bebidas espirituosas, que afirmou: “Instamos ambas as partes a manterem-se na mesa das negociações e a concretizarem, com urgência, um regresso pleno ao regime de tarifas zero”.
“Isso significa reafirmar o apoio ao nosso sector em ambos os lados do Atlântico, através da eliminação das tarifas norte-americanas sobre bebidas espirituosas da UE e da revogação das medidas retaliatórias europeias suspensas sobre produtos dos EUA”.
A União Europeia anunciou, no passado 5 de agosto, uma suspensão por seis meses das tarifas retaliatórias aplicadas a importações norte-americanas, incluindo vinhos e bebidas espirituosas, de acordo com o conselho de bebidas espirituosas dos EUA.