O relatório lançado esta terça-feira, dia 25 de outubro, pelo EuroCommerce e pela McKinsey & Company estima que, para alcançar a tripla transformação – a qual envolve a sustentabilidade, digitalização e competências e talentos –, o sector retalhista e grossista da União Europeia pode precisar de investir até 600 mil milhões de euros, até 2030.
Trata-se de um montante adicional que, anualmente, pode ir até 1,6% das receitas, com o intuito de ajudar a responder à evolução das exigências dos consumidores, à descarbonização e ao crescimento do comércio eletrónico, de acordo com o relatório “Transforming the EU retail & wholesale sector”.
Atualmente, os retalhistas e grossistas da União Europeia investem metade do montante dos “players” de outras regiões. A escalada dos preços da energia e a inflação recorde, a pandemia de Covid-19, as disrupções na cadeia de abastecimento e a guerra na Ucrânia levaram muitos a adiar este investimento para proteger a sua futura viabilidade económica. O relatório aponta aos retalhistas e grossistas a necessidade de encontrar formas de transformar o sector, equilibrando os objetivos de curto e longo prazo.
“Este relatório apresenta análises e potenciais caminhos que se destinam a responder às necessidades de cinco milhões de empresas registadas na União Europeia, abrangendo todos os modelos empresariais, a maioria dos subsectores da indústria e empresas de todas as dimensões, com ações necessárias que diferem entre grandes empresas e PMEs. A tripla transformação é um enorme desafio para o sector, mas também uma enorme oportunidade para todos – retalhistas e grossistas, União Europeia e clientes. Pode gerar um crescimento mais rápido, mais ecológico e mais produtivo, com uma oferta mais ampla e mais conveniente para os clientes”, considera Ana Paula Guimarães, sócia da McKinsey & Company.
Estudo
O estudo evidencia, em detalhe, os investimentos que o sector deve alocar na tripla transformação – sustentabilidade, digitalização e competências e talentos –, até 2030.
No que toca à transformação da sustentabilidade, o sector deve investir até 335 mil milhões de euros para diminuir o impacto da volatilidade dos preços da energia, promover e avançar com a sustentabilidade nas suas cadeias de valor, tanto para assegurar o cumprimento da regulamentação como para se diferenciarem enquanto primeiros agentes a dar resposta à crescente procura dos consumidores por escolhas sustentáveis.
A transformação digital ficaria a ganhar com um investimento até 230 mil milhões de euros para permitir ao sector evoluir para uma indústria verdadeiramente omnicanal, que proporcione uma experiência contínua aos clientes. Além disso, este investimento permitiria impulsionar a automatização em toda a cadeia de valor, apostar em “advanced analytics” para impulsionar o crescimento e a eficiência operacional, e modernizar as TI.
Em relação a competências e talentos, um investimento adicional até 35 mil milhões de euros ajudaria a expandir os programas de formação e apoiar a evolução de competências e funções que permitirão acompanhar as outras duas transformações.
Com estes investimentos, os retalhistas e grossistas seriam capazes de aumentar a sua resiliência, apoiar os esforços europeus de descarbonização e desbloquear novas oportunidades de negócio para além do retalho tradicional. Porém, para atingir estes objetivos, o sector precisará de apoio.
“Na atual crise, o desafio global para o sector retalhista e grossista é ser reconhecido pelos decisores políticos como um sector que presta um serviço essencial a todos os cidadãos e emprego significativo e que sustenta as comunidades locais. Para continuar a fazê-lo, retalhistas e grossistas de todas as dimensões irão necessitar de apoio para realizar os grandes investimentos que este relatório identifica”, considera, por sua vez, Juan Manuel Morales, presidente do EuroCommerce.
Análise
Como parte do relatório “Transforming the EU retail & wholesale sector”, a McKinsey e o EuroCommerce analisaram 24 empresas, incluindo alguns dos maiores retalhistas e grossistas dos vários subsectores na União Europeia, associações comerciais nacionais e mais de 100 PMEs. O inquérito reuniu “insights” sobre o nível de maturidade das empresas nas três áreas de transformação – sustentabilidade, digitalização e competências e talento –, bem como as ambições e necessidades futuras, até 2030. “Este relatório conjunto tem como objetivo fornecer uma visão neutra do mercado, através de informação baseada na investigação que permite apresentar opções de investimento aos retalhistas e grossistas da União Europeia”.