Oiça este artigo aqui:
O modelo de hipermercado continua a dar sinais de retração em Espanha, à medida que os supermercados ganham cada vez mais peso no consumo alimentar dos lares espanhóis. Segundo o mais recente flash sectorial da Solunion, mais de 65% do consumo alimentar doméstico é hoje feito em supermercados, contrastando com apenas 12% nos hipermercados, uma quebra de 3% em volume nas vendas deste formato apenas em 2024.
A tendência é clara: as novas aberturas focam-se em modelos de proximidade e conveniência, respondendo às preferências de consumo mais frequente, em locais próximos da residência, com tickets médios mais baixos. A superfície total ocupada por hipermercados reduziu-se em 2024, ficando nos 12% da área comercial do país, muito distante dos 86% detidos por supermercados e autosserviços.
Canal online estabilizado
O canal online representa hoje 2,2% das vendas de alimentação em Espanha, mantendo-se estável face a 2023. No segmento de frescos, o peso é ainda menor: 1,2%.
Já no retalho não alimentar, o comércio eletrónico representa uma maior fatia, com destaque para o vestuário, que lidera com 5,3% das transações online.
A situação financeira do sector mostra uma clivagem importante entre alimentar e não alimentar. Enquanto o índice de incumprimento em termos de valor se mantém abaixo da média nacional no retalho alimentar, o sector não alimentar regista um agravamento, sendo quatro vezes mais provável que um euro de risco de crédito se converta em incumprimento face ao segmento alimentar.
As insolvências refletem esse desfasamento. Em 2024, o número de insolvências no retalho não alimentar atingiu o pico dos últimos sete anos, com quase 500 casos. Já o retalho alimentar registou 120 insolvências, valor mais contido. Os dados preliminares de 2025 até maio mostram estabilização no retalho alimentar e agravamento no não alimentar.
Apesar deste contexto desafiante, a economia espanhola deverá crescer 2,4% em 2025, suportada por um mercado laboral dinâmico. O consumo privado continua a expandir-se (0,4% no primeiro trimestre), embora a um ritmo mais lento, com as famílias a aumentarem novamente as suas taxas de poupança, pressionadas pela incerteza global.
O sector do retalho, enquanto terceiro com maior número de insolvências em Espanha, vê-se assim forçado a repensar estratégias, especialmente no modelo de hipermercado, que poderá continuar a perder relevância em 2025, tanto em superfície como em vendas.