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Solução para vinagres sem conservantes está nas películas à base de camarão ou de fungos

Já tinham descoberto uma forma de conservar os vinhos sem recurso à adição de sulfitos, substituindo o químico potencialmente alérgico por extratos de casca de camarão. Agora, os investigadores da Universidade de Aveiro garantem que o método de conservação também pode ser utilizado na produção de vinagres.

O trabalho dá mais um passo rumo à substituição dos conservantes sintéticos por extratos naturais, que podem ser obtidos a partir das cascas de camarão ou de culturas de fungos. As películas feitas a partir destes extratos podem ser usadas seja em vinhos, em vinagres ou em qualquer outra bebida, como sumos ou infusões. Para além de ser uma solução saudável e ecológica, estas películas mantêm intactas as características dos produtos.

Nas atuais receitas dos processos de produção de bebidas alcoólicas, de vinagres e de sumos está a adição generalizada de conservantes sintéticos, como o anidrido sulfuroso, para evitar a proliferação de microrganismos que degradam o produto e as oxidações que o acastanham. Mas estes compostos químicos, para além de danificarem a atmosfera, podem causar reações alérgicas em algumas pessoas.

Coordenada por Manuel A. Coimbra, uma equipa da Unidade de Investigação de Química Orgânica, Produtos Naturais e Agroalimentares (QOPNA) do Departamento de Química (DQ) da Universidade de Aveiro anunciou, em 2012, uma alternativa a pensar nos consumidores alérgicos e no ambiente: a adição, durante a produção do vinho, de um polissacarídeo chamado quitosana que é extraído, por exemplo, das cascas dos caranguejos e dos camarões ou mesmo de fungos.

A solução, para além de ser mais saudável, de fazer uso de resíduos de camarão que de outra forma iriam para o lixo e de não causar poluição, mantém todas as características sensoriais do vinho, seja no sabor seja no aroma.

Depois da parceria da equipa do QOPNA com a empresa Dão Sul –Sociedade Vitivinícola que, com ajuda do método da Universidade de Aveiro produziu para fins experimentais, e só na última colheita, três mil litros de vinho branco e 300 litros de vinho tinto sem conservantes, foi realizado um trabalho de mestrado em ambiente empresarial na empresa Mendes Gonçalves, um dos líderes do mercado nacional no que toca à produção de vinagres, molhos e temperos. Este trabalho de mestrado de Ana Tasso Rosa, orientado pela investigadora Cláudia Nunes, confirmou, em dezembro último, que também a adição ao vinagre das películas feitas à base de extratos de camarão, em substituição dos sulfitos, conserva o produto enquanto mantém todas as características sensoriais do tempero.

“Estes filmes feitos à base de cascas de camarão não provocam alergias a pessoas com intolerância ao marisco, o que torna esta solução ainda mais abrangente para poder ser utilizada em vinhos, incluindo o espumante, vinagres e outras bebidas como a cidra, os sumos, ou as infusões, que podem ser consumidos por todos, mesmo as pessoas alérgicas a marisco e ao anidrido sulfuroso”, aponta o investigador Manuel A. Coimbra.

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