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Sector do grande consumo regista quebra no segundo trimestre de 2021

Imagem: Shutterstock

De acordo com o estudo “Nem tudo o que parece é”, realizado pela Kantar e analisado também pela Centromarca – Associação Portuguesa de Empresas de Produto de Marca, o sector do grande consumo registou uma quebra de 8,5% em valor e de 9,5% em volume, no segundo trimestre do ano, face ao período homólogo de 2020.

Para o conjunto dos dois primeiros trimestres de 2021, a evolução foi 2% positiva em valor e 1,1% negativa em volume.

O estudo revela que os portugueses voltaram a ser mais assíduos na compra, verificando-se um aumento de 5,8% na frequência de compra, durante o primeiro semestre do ano. No entanto, o volume por ato de compra assistiu a uma redução de 6,8%, face ao período homólogo do ano passado. “As quebras a nível do PIB, do consumo privado e do turismo, ao que se adicionam a redução do índice de confiança dos consumidores e o forte inflacionamento dos preços das matérias-primas, marcam um cenário difícil para o sector do grande consumo e justificam a evolução negativa do mercado no retalho alimentar. O comparativo com o trimestre homólogo de 2020 é ainda penalizado pelo retrocesso do consumo em casa e alguma recuperação do consumo fora de casa e pelo pico de compras de stockagem ocorrido no início da primavera do ano passado”, refere Pedro Pimentel, diretor geral da Centromarca.

 

Categorias

No que diz respeito às categorias de consumo, a alimentação e as bebidas foram as que registaram maior crescimento, no primeiro semestre, respetivamente de 3,1% e de 7,2% em valor, face ao mesmo período do ano anterior. Em contrapartida, os produtos de limpeza caseira e de higiene e beleza observaram uma quebra de 5,7% e de 9% em valor, respetivamente.

Os dados do semestre mostram um regresso dos consumidores às lojas, com um aumento significativo do número de visitas, acompanhado da natural descida do volume e valor das cestas. Os crescimentos em alimentação e, especialmente, na área das bebidas foram mais do que compensados pelos retrocessos nos produtos de limpeza caseira e de higiene e beleza, que, apesar de continuar em terreno negativo, parece mostrar alguns sinais de recuperação”, explica Marta Santos, Sector Director da Kantar.

 

Canais

Com o início do desconfinamento, o consumidor voltou a procurar mais os grandes supermercados e os hipermercados. Ainda assim, o canal tradicional de compras de maior proximidade, como  as mercearias, as padarias, os talhos, as peixarias ou frutarias, mantive-se em valores superiores ao período pré-pandemia, o que se explica pelo facto dos consumidores optarem por complementar as compras realizadas nos hipermercados com as compras nos canais tradicionais.

Por sua vez, o canal digital, que teve um crescimento exponencial devido à pandemia e aos sucessivos confinamentos, registou um ajustamento da compra no segundo trimestre do ano. “A normalização progressiva mostra também um regresso às lojas de maior dimensão, uma desaceleração da compra online e, apesar de tudo, uma boa resiliência do comércio tradicional”, resume Marta Santos.

 

Retoma do consumo fora do lar

Outra das conclusões do estudo é que, nos primeiros seis meses de 2021, houve uma consolidação da preferência dos consumidores por refeições já prontas ou de confeção rápida. Esta tendência justifica-se quer pela retoma do consumo fora de casa, quer pela fadiga pandémica, uma vez que os consumidores já não dedicaram tanto tempo à culinária, ao contrário do que sucedeu no primeiro confinamento.

Com o início do desconfinamento, assistiu-se a uma clara retoma do consumo fora de casa, que começou a consolidar-se no segundo trimestre. Esta tendência pode ser explicada pelo facto de, após vários meses de confinamento, os portugueses se sentirem particularmente ávidos do convívio, o que teve lugar, sobretudo, nas esplanadas de cafés, restaurantes e pastelarias, com destaque para o consumo de cervejas, águas com sabor e gelados.

Noutro âmbito, o estudo conclui que, caso as restrições impostas pela pandemia sejam aliviadas, o teletrabalho será o principal responsável por um maior consumo “in home” até ao final do ano, nomeadamente, pelo facto de almoços, snackings e jantares continuarem a ter lugar maioritariamente em casa. “Uma parte importante da equação do consumo nos próximos trimestres será feita pela dinâmica e os ‘trade-offs’ entre o ‘em casa’ e o ‘fora-de-casa’, sendo que as medidas anunciadas fazem com que possa restar o mecanismo de teletrabalho como derradeiro indutor do consumo dentro de casa”, justifica Marta Santos.

 

Crise social

Por seu lado, Pedro Pimentel antecipa ainda que os próximos períodos deverão mostrar, também ao nível do grande consumo, sinais da crise social que se sente aprofundar todos os meses e deixam uma importante interrogação que irá acompanhar o progressivo desconfinamento: a “normalização” far-se-á com um novo paradigma de consumo ou ir-se-á assistir a um paulatino retorno a um padrão e rotinas próximas do pré-pandemia?

Por Bárbara Sousa

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