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Regressam os comportamentos de compra dos anos 80

Foto Shutterstock

O regresso aos comportamentos de compra dos “austeros finais dos anos 70 e inícios dos anos 80” está a consolidar-se, devido à inflação persistente e ao aumento do custo de vida, revela um novo estudo da IRI.

De acordo com o relatório FMCG Demand Signals, cerca de 61% dos consumidores inquiridos nos maiores mercados da Europa diz estar preocupado com o impacto financeiro sobre si e as suas famílias, enquanto 71% afirma que já ter feito alterações na forma como compra e utiliza os artigos do dia-a-dia.

Mais de metade (58%) diz ter reduzido ao essencial, incluindo deixar conduzir para se deslocar para o trabalho ou ir às compras, saltar refeições e reduzir o uso de aquecimento, enquanto 35% mergulhou nas suas poupanças e/ou contraiu empréstimos para pagar contas.

 

Fatores de impacto

O relatório analisou o impacto da pandemia, da inflação e do custo de vida em mais de 230 categorias de Fast Moving Consumer Goods (FMCG), mais de dois mil segmentos de produtos e mais de 100 milhões de SKUs nos Estados Unidos e em vários dos maiores mercados da Europa (França, Itália, Alemanha, Espanha, Reino Unido e Países Baixos) e Ásia-Pacífico e constatou que o crescimento das vendas de FMCG abrandou para 1,5% este ano para os nove mil milhões de euros, abaixo do crescimento de 3% registado no ano passado.

Além disso, onde o crescimento foi registado, este foi em grande parte impulsionado por aumentos inflacionários dos preços.

Outros hábitos de compra em mudança registados pelo estudo incluem um maior foco na escolha do local onde fazer compras, seja através de outro canal ou retalhista, se a sua marca habitual não estiver disponível (26%), em promoção (34%) ou se a loja não tiver uma ampla gama de ofertas (41%). Os discounters são um dos principais beneficiários desta tendência, refere o relatório.

Além disso, cerca de 58% está a comparar os preços com mais frequência entre marcas ou produtos semelhantes, com pouco menos de metade (49%) a analisar formas de obter melhor valor dos produtos que utiliza, como os detergentes.

A tendência da pandemia de cozinhar em casa também parece manter-se, embora mais impulsionada por preocupações com os custos do que por questões de saúde.

 

Desaceleração na procura

A queda contínua das vendas unitárias, em resposta à inflação, é uma indicação precoce de desaceleração na procura de FMCG“, comenta Ananda Roy, Global SVP Strategic Growth Insights na IRI. “Incapazes de entregar, todos os dias, ofertas de preços mais baixas – e até de manter os preços – porque eles próprios estão a ter custos de mais elevados, as marcas e os retalhistas precisam de olhar novamente para a forma como podem apoiar os consumidores, durante este período tão difícil. Estamos a assistir ao maior movimento de mudança no comportamento dos consumidores em mais de cinco décadas, com os compradores a questionarem ‘será que realmente preciso?’, ‘ainda podemos dar-nos ao luxo de fazer uma escolha sustentável ou altruísta?’ e agora ‘use menos, menos desperdício’“.

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