2020 é o ano em que mais restaurantes se viram forçados a encerrar portas e em que muitos se encontram ainda em dificuldades extremas. Uma das empresas com a missão de ajudar este sector, um dos mais afetados pela pandemia de Covid-19, neste momento crucial, é a Edenred. Mauro Borochovicius, CEO da Edenred Portugal, falou com a Grande Consumo sobre este apoio aos estabelecimentos do canal Horeca, que se vai traduzir numa distribuição de cerca de 200 mil euros pelos restaurantes nacionais que compõem a sua rede credenciada. Uma iniciativa que surge no âmbito da criação do fundo especial More Than Ever, através do qual o Grupo Edenred pretende apoiar, nos países onde opera, colaboradores e parceiros que foram significativamente impactados pelas medidas do estado de emergência.
Grande Consumo – No ano em que mais restaurantes se viram forçados a encerrar portas, com muitos ainda em dificuldades extremas, a Edenred assume como a sua missão ajudar este sector. Porquê?
Mauro Borochovicius – Tendo sido um dos sectores mais afetados pelas consequências do confinamento e pela própria imposição de medidas sanitárias restritivas, a restauração está a viver um momento extremamente difícil. Sabemos que a recuperação não será fácil e também não será possível sem a força de uma rede de apoio. Na Edenred, acreditamos que, além de fornecer as melhores soluções a clientes e utilizadores, é também a nossa missão criar valor para os nossos parceiros. Estar ao lado de todos os stakeholders, a todo o momento, antecipando e dando a melhor resposta às suas necessidades é o que nos distingue verdadeiramente, pelo que não poderíamos deixar de fazer algo num contexto como este.
Assim, vamos oferecer cerca de 200 mil euros a estabelecimentos do canal Horeca que integram a nossa rede credenciada, de norte a sul do país.
GC – Qual é o objetivo desta iniciativa de apoio aos estabelecimentos do canal Horeca?
MB – Queremos dar resposta a uma necessidade premente: a disponibilidade de tesouraria. O nosso objetivo é oferecer liquidez a estes estabelecimentos, dotando-os de uma maior capacidade para adquirir bens essenciais, fazer frente às necessidades do dia-a-dia e manter as portas abertas.
Para concretizar este objetivo, estamos a distribuir, por milhares de restaurantes parceiros, o cartão Euroticket+, pré-carregado com um valor que poderão utilizar para a aquisição de bens que lhes permitam continuar a servir os seus clientes.
Mas decidimos ir mais além e criámos o Programa Euroticket+, para que os restaurantes da nossa rede credenciada possam ter acesso a descontos e vantagens em produtos e serviços relacionados, direta e indiretamente, com a atividade, de forma a criar condições para que estes estabelecimentos consigam conquistar mais clientes e dinamizar o negócio.
GC – A Edenred Portugal vai distribuir cerca de 200 mil euros por restaurantes. Que fatores influenciam a escolha dos estabelecimentos beneficiados?
MB – Estando conscientes das dificuldades por que todos os restaurantes passam, nesta fase, e uma vez que não dispúnhamos de fundos ilimitados, tivemos que definir um critério, o que, confesso, não foi uma tarefa fácil. Fizemos uma análise exaustiva dos valores reembolsados aos nossos parceiros, no período imediatamente anterior à pandemia, e criámos escalões para distribuição da verba, tentando apoiar o maior número de estabelecimentos possível e focando-nos, sobretudo, nos pequenos negócios.
Contudo, importa destacar que todos os parceiros terão acesso ao programa de descontos Euroticket+. Além disso, esta não é uma ação isolada. Faz parte de um conjunto de iniciativas que a Edenred tem vindo a desenvolver em prol da comunidade, de entre as quais destacamos a criação da plataforma Ao Seu Lado, logo durante a primeira vaga da pandemia, a disponibilização da pesquisa de estabelecimentos com take away e delivery, através de geolocalização, na app MyEdenred e o lançamento de campanhas exclusivas, em conjunto com parceiros como a Makro e a Parmalat, para que os empresários da restauração beneficiassem de descontos na aquisição de produtos essenciais ao negócio.
GC – O que é o fundo More Than Ever? Como foram adquiridos os fundos que vão ser distribuídos pelos estabelecimentos nos vários países onde a Edenred está presente?
MB – O fundo More Than Ever, que agrega 15 milhões de euros a nível global, foi criado com o intuito de apoiar os proprietários de restaurantes assim como os colaboradores mais vulneráveis do grupo, que foram significativamente afetados pela pandemia nos diferentes países em que a Edenred está presente. O fundo foi financiado através da redução de 20% nos dividendos proposto para 2019 e da redução da remuneração do presidente, dos membros do comité executivo e dos membros do conselho de administração da Edenred. A Portugal, foram atribuídos cerca de 200 mil euros, os quais utilizámos para apoiar a nossa rede de parceiros.
GC – Que benefícios traz o programa Euroticket+ para os estabelecimentos nacionais?
MB – Gerando valor de forma sustentada, o Euroticket+ inclui, para além da oferta dos 200 mil euros, o acesso a um programa de descontos e benefícios, que contempla vantagens na aquisição de bens essenciais, campanhas promocionais em grandes marcas e outras oportunidades de negócio. Somados, estes benefícios poderão revelar-se tão ou ainda mais vantajosos quanto a distribuição do valor monetário. Entre as várias oportunidades de negócio que o cartão Euroticket+ oferece, foram criadas parcerias a pensar especialmente nos restaurantes e nas suas necessidades.
Tivemos várias marcas que fizeram questão de estar connosco desde o primeiro momento. A título de exemplo, através do programa, os nossos parceiros vão beneficiar de descontos em combustíveis das estações de serviço da Repsol, assim como na produção e impressão de todo o tipo de materiais gráficos ou merchandising na Spreading. Entre outras vantagens, terão ainda acesso gratuito à app Too Good To Go para rentabilizar o seu excedente e poderão até fazer parte, sem qualquer tipo de encargo, de uma rede de distribuição de ofertas de produtos.
Para o futuro, o nosso objetivo é continuarmos a criar parcerias relevantes para a atividade e para a recuperação dos restaurantes nossos parceiros.
GC – A Edenred é líder em Portugal no mercado de cartões refeição, com a maior rede de restauração do país. Quais são os principais benefícios da sua utilização para as empresas?
MB – Existem inúmeras vantagens associadas ao pagamento do subsídio de refeição em cartão. Destacam-se, obviamente, os benefícios fiscais: até ao limite legal de 7,63 euros por dia, as empresas beneficiam da isenção da tributação da TSU, a que se junta a isenção de IRS para os colaboradores. Estas vantagens podem representar uma poupança de cerca de 30% para a empresa no pagamento do subsídio, enquanto o colaborador beneficia de um aumento do poder de compra e de uma maior liberdade para fazer opções alimentares mais saudáveis, seja através da aquisição de refeições já preparadas, seja através da compra de bens alimentares nutricionalmente mais equilibrados para a confeção das suas refeições.
Esta é também uma forma mais simples de gerir este benefício, uma vez que a Edenred disponibiliza aos seus clientes um portal online que permite fazer toda a gestão, sem burocracias e com toda a autonomia. O mesmo é verdade para o colaborador, que tem ao seu dispor uma app inovadora e que lhe dá acesso a um conjunto amplo de vantagens e descontos diretos que potenciam o seu poder de compra e melhoram a sua qualidade de vida, como, por exemplo, o Plano de Saúde Medicare Silver Edenred.
Além das vantagens diretas para empresas e colaboradores, o pagamento em cartão refeição traduz-se ainda noutra vantagem muito importante para a economia e para o país, de que todos beneficiam. Conforme está preconizada na Edenred e, naquele que é o cumprimento rigoroso do quadro legal, a atribuição do subsídio no cartão Euroticket Refeição garante que o valor carregado será utilizado especificamente no sector alimentar. Ao funcionarmos numa lógica de rede, estamos a dinamizar a economia local, a gerar empregos e a impulsionar o crescimento do país. Num momento como o atual, este estímulo ao consumo em redes privadas é um grande ativo, para os governos e para todos nós.
Um pouco por toda a Europa, há diversas iniciativas a decorrer em que os governos recorrem a este tipo de ferramentas. O governo grego, por exemplo, atribuiu o vale-férias para estimular o consumo em estabelecimentos turísticos. E, em Portugal, também já temos exemplos disso. Na Edenred, temos trabalhado com diversas autarquias nesse sentido. O caso da Câmara Municipal da Amadora, com a qual trabalhámos para disponibilizar o Cartão Bens 1.ª, para suprir as necessidades básicas de alimentação dos munícipes em situação de carência económica e social, é o mais recente exemplo, mas há muitas outras ações deste género em desenvolvimento.
GC – Que balanço fazem deste último ano que, devido às circunstâncias atípicas, tanto afetou o negócio da restauração?
MB – A nossa capacidade de criar valor e o nosso modelo de negócio, resiliente e sustentado têm-nos permitido manter uma boa performance neste período conturbado. A nível global, nos primeiros nove meses, os nossos resultados são semelhantes aos do ano passado.
Para este balanço positivo muito contribuiu a aposta na digitalização da nossa oferta e a disponibilização imediata deste tipo de soluções que dão resposta às necessidades sociais e económicas.
GC – Foi imprescindível para a Edenred um novo posicionamento digital?
MB – A inovação e a digitalização são valores intrínsecos da Edenred. Não se tratou tanto de um novo posicionamento, mas sim de dar continuidade e intensificar aquela que era já a nossa aposta. A título de exemplo, habilitámos o MB WAY no Euroticket Refeição, para que os utilizadores pudessem fazer pagamentos com o telemóvel, sendo que esta era uma funcionalidade na qual já estávamos a trabalhar há algum tempo. A app MyEdenred, que desde 2018 é a mais inovadora do mercado, e o Portal Cliente já existiam. Auscultámos o mercado e decidimos antecipar a disponibilização de novas funcionalidades, capazes de facilitar o seu novo dia-a-dia. Acreditamos que, desta forma, aumentamos muito a nossa proposta de valor e é por isso que somos o companheiro diário das pessoas no trabalho.
GC – O canal de Horeca verá alguma recuperação na época festiva que se aproxima?
MB – Esta pandemia está a provocar a maior queda da atividade económica de que há memória no sector da restauração, que se encontra numa situação de asfixia. Tradicionalmente, há sempre uma maior dinâmica na época do Natal e Ano Novo, mas esta também estará dependente das medidas de contingência que possam vigorar nesse momento. De qualquer forma, acreditamos que o incremento que possa haver será sempre insuficiente para se poder falar de uma retoma nos próximos meses. É por isso que consideramos tão importante estar ao lado dos nossos parceiros nessa fase.