Quase nove em 10 portugueses espera que as alterações climáticas causem efeitos graves na sua área de residência, nos próximos anos, diz um inquérito da Ipsos feito em 34 países.
O cenário traçado pelo inquérito para o Fórum Económico Mundial está longe de ser otimista. Em média, 56% dos inquiridos de 34 países diz que os efeitos graves das alterações climáticas já se fazem sentir nas zonas onde vivem. Portugal não foge à regra, registando um valor ligeiramente acima da média: 59%.
O impacto das alterações climáticas durante a próxima década também preocupa os participantes do estudo. Os portugueses são os mais pessimistas: 88% acredita que a zona onde vive vai sentir os efeitos graves das alterações climáticas. A tendência pessimista dos inquiridos é menos acentuada na avaliação dos efeitos a 25 anos. Em média, 35% dos inquiridos acredita que é provável que tenha de se deslocar de sua casa, fruto das alterações climáticas. De resto, Portugal está em linha com a média.
Apesar da amplitude alta, o estudo revela que maioria dos 34 países já está a sofrer o impacto negativo das alterações climáticas. México, Hungria, Turquia, Colômbia, Espanha, Itália, Índia, Chile e França encontram-se acima dos 65%.
O estudo também revela diferenças regionais assinaláveis em vários países. As diferenças podem dever-se a graus distintos de exposição às consequências das alterações climáticas, como seca, incêndios florestais ou inundações.
Pior está para vir
A preocupação em ver a sua área de residência gravemente afetada pelas alterações climáticas, na próxima década, é comum à maioria dos inquiridos de todos os países que participaram no estudo. Em média, 71% dos inquiridos acredita que as alterações climáticas tenham um impacto muito ou algo grave na sua área de residência, nos próximos 10 anos. É uma diferença de 15 pontos face ao impacto das alterações climáticas no presente. Portugal lidera com 88%, seguido de perto por México, Hungria, Turquia, Chile, Coreia do Sul, Espanha e Itália.
A médio prazo, a avaliação dos inquiridos mostrou-se mais positiva: pouco mais de um em cada três inquiridos disse ser provável a hipótese de ter de abandonar a sua casa em resultado das alterações climáticas.
Índia (65%) e Turquia (64%) são os países que apontam como mais provável a necessidade de deslocação, a médio prazo, por razões climáticas. Quase metade das pessoas inquiridas na Malásia (49%), Brasil (49%), Espanha (46%) e África do Sul (45%) também partilha a mesma preocupação. Em contraste, menos de uma em cada quatro pessoas acredita que irá ser deslocada de sua casa na Suécia (17%), Argentina (21%), Países Baixos (21%), e Polónia (23%).