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Procura por bens sustentáveis cresce 71%

Foto Shutterstock

Um novo estudo internacional da WWF, realizado pela Economist Intelligence Unit (EIU), revela um aumento de 71% de procura de bens sustentáveis, durante os últimos cinco anos, com crescimento contínuo, mesmo durante a pandemia de Covid-19.

O relatório, intitulado Eco-despertar: Medir a Consciência Global, Empenho e a Ação pela Natureza”, mostra um aumento substancial dos cliques em busca de bens sustentáveis em países como o Reino Unido, os Estados Unidos da América, a Alemanha, a Austrália e o Canadá. Contudo, a tendência vai para além destas economias acelerou também nas economias em desenvolvimento e emergentes, como, por exemplo, a Indonésia (24%) e o Equador (120%). Isto, por sua vez, está a criar novas oportunidades de mercado para as empresas, particularmente nos sectores cosmético, farmacêutico, da moda e alimentar.

Para Ângela Morgado, diretora executiva da ANP|WWF, “esta é mais uma prova de que a proteção do nosso planeta é cada vez mais uma exigência dos cidadãos a que empresas e governos terão de prestar mais atenção e agir, de forma a conseguirem responder a esta preocupação”.

 

Eco-wakening

Em todo o mundo, particularmente nos mercados emergentes, os cidadãos estão mais conscientes da crise planetária e essa consciência afeta o seu comportamento num estado de espírito global em rápido crescimento, que a WWF apelidou de “eco-wakening”. “Já não é aceitável ou inteligente ignorar a sustentabilidade nos negócios e é isto que os consumidores estão a dizer, alto e bom som, com a sua procura online por bens sustentáveis. A preferência dos consumidores está a levar indústrias inteiras a mudar e nenhum mercado ou sector escapa. Esta investigação fornece validação a uma tendência assumida também nos mercados emergentes e em desenvolvimento – que a procura local e os consumidores no fim da cadeia de valor são importantes e o seu comportamento está a impulsionar a mudança – e isto irá moldar a recuperação económica global da pandemia”, defende Cristianne Close, diretora de Mercados Internacionais da WWF.

Para Cristianne Close, nas economias em desenvolvimento e mercados emergentes, os consumidores conseguem ver os efeitos da perda de natureza nos seus próprios países, à medida que a desflorestação, os incêndios, as inundações e as secas danificam estes territórios. “Por isso, estão cada vez mais preocupados e, através das redes sociais, pretendem fazer ouvir a sua voz”.

 

Mais de metade do PIB global

O valor da natureza para a economia global, através dos serviços dos ecossistemas, está estimado em 44 biliões de dólares – mais de metade do PIB global – e o sector financeiro desempenha um papel fundamental no afastamento de fluxos financeiros de atividades insustentáveis e na criação de uma economia global positiva para a natureza. Empresas e instituições financeiras reconhecem cada vez mais os riscos associados à perda de biodiversidade e estão a colocar esta questão no centro das suas estratégias.

A investigação existente mostra que os consumidores não só afirmam que querem que as empresas façam melhor, quando se trata de apoiar o ambiente, como também estão a mudar materialmente o seu comportamento nesse sentido. Este cenário está a deslocar lucros, desafiando retornos historicamente elevados em algumas áreas, enquanto se abrem oportunidades de mil milhões de dólares noutras.

Este novo e provocador relatório da EIU sublinha o crescimento do interesse público – e preocupação – em todo o mundo. De forma surpreendente, alguns dos países que registaram o crescimento mais dramático em termos de preocupação têm sido as economias emergentes e em desenvolvimento. Dado que estes são alguns dos mercados em que investidores e líderes empresariais estão a apostar para os seus próprios lucros e crescimento futuros, as conclusões e recomendações da EIU precisam de ser levadas a sério – e estar no topo das preocupações – tanto pelos líderes do sector privado, público e cívico“, alerta John Elkington, autoridade mundial em responsabilidade corporativa.

 

Sustentabilidade

O comportamento dos consumidores desempenha um papel crítico na condução da mudança e na demonstração de cuidado com a natureza. Esta pressão fez com que as marcas assumissem e mantivessem compromissos substanciais com a sustentabilidade. Por exemplo, mais de 50% dos executivos da C-Suite afirma que a procura dos consumidores está a impulsionar o enfoque na sustentabilidade na indústria da moda e têxtil e, consequentemente, 65% das organizações que participaram num inquérito recente afirmou ter-se comprometido a adquirir matérias-primas produzidas de forma sustentável. 60% está agora a recolher dados sobre a sustentabilidade da cadeia de abastecimento, incluindo a utilização da água e de outros recursos naturais nos seus processos de produção.

Para Ignacio Gavilan, diretor de sustentabilidade do Consumer Goods Forum, “embora os consumidores tenham defendido produtos sustentáveis durante anos, 2020 marcou um ponto de viragem. A combinação da pandemia, a escalada da crise climática e uma nova consciência do consumidor desencadeou uma urgência e ação sem precedentes, com milhões de consumidores a exigirem mudanças. Este último relatório é um claro apelo à ação para a nossa indústria: agir ou ser deixado para trás. Os consumidores irão procurar e defender marcas que se comprometam com a sustentabilidade“.

Nas indústrias alimentar, cosmética e farmacêutica natural, o número de empresas empenhadas em práticas de sourcing que protegem a biodiversidade aumentou 45%, entre 2016 e 2020.

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