Com todas as lojas encerradas desde 22 de março, e sem canal de vendas online, a Primark perdeu vendas de 740 milhões de euros mensais (650 milhões de libras), detalha a Associated British Foods (ABF), a empresa proprietária da cadeia de moda.
“Um dos grandes distribuidores mundiais de roupa está completamente encerrado”, lamenta George Weston, CEO da ABF, em comunicado. Não obstante, indica o gestor, a empresa tem conseguido pagar aos fornecedores as encomendas que já tinha em marcha, peças que dificilmente serão vendidas ou que terão de o ser a preços de saldo, o que levou já a ABF a provisionar cerca de 325 milhões de euros. “Revimos cuidadosamente o stock disponível da Primark e, para refletir um menor valor realizável líquido em parte do inventário quando as lojas reabrirem, incluímos uma provisão de 284 milhões de libras”, explica. Como consequência, o resultado bruto no semestre situou-se nos 298 milhões de libras, 41% abaixo.
Reforço de liquidez
Perante a possibilidade de não poder abrir lojas durante mais algum tempo, a Primark tem tomado medidas para reforçar a sua liquidez. Por um lado, retirou os 1.100 milhões de libras disponíveis numa linha de crédito com os bancos. Por outro, obteve a autorização do Banco de Inglaterra para aceder ao seu programa de compra de bónus corporativos. Os analistas estimam que possa alcançar mil milhões de libras por esta via.
Além disso, os 68 mil colaboradores a nível mundial estão em lay-off, com os salários cobertos, em parte, pelos governos. Os dirigentes da ABF aceitaram baixar os honorários em 50% e os dividendos foram cancelados.
Estas medidas permitirão à Primark resistir mesmo que o encerramento de lojas se estenda até maio de 2021, indica a ABF.