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Os números não deixam margem para dúvidas: o retalho é essencial para a economia portuguesa — e ainda mais quando o foco é europeu. Durante a sua intervenção no APED Retail Summit, Juan Manuel Morales, presidente do EuroCommerce, recordou que o sector é o principal empregador privado na Europa, com cerca de 26 milhões de postos de trabalho. Isso significa que um em cada sete empregos na economia europeia está no retalho. No caso dos jovens, a proporção sobe para um em cada cinco.
Mais do que o peso no emprego, o sector é constituído por cinco milhões de empresas, das quais 99% são pequenas e médias empresas (PME). No total, o retalho representa cerca de 10% do Produto Interno Bruto europeu.
Apesar da sua importância, os retalhistas europeus enfrentam grandes desafios. Segundo Juan Manuel Morales, embora as insígnias europeias liderem o ranking global — ocupando 34% do top 250 mundial —, a sua rentabilidade é inferior à de congéneres norte-americanas e asiáticas, devido à pesada carga regulatória existente na Europa. “Somos muito relevantes a nível mundial”, sublinhou Juan José Morales, acrescentando que “a Europa tem de perceber que somos um sector essencial”.
Quatro prioridades para 2025-2027
No mesmo evento, Juan Manuel Morales destacou as quatro grandes prioridades do EuroCommerce para o triénio 2025-2027: promover a sustentabilidade, aliviar a carga regulatória, garantir igualdade de condições e concretizar um verdadeiro mercado único europeu. A prioridade mais urgente, frisou, é reduzir a regulação, tendo em conta os seus custos e o impacto direto na rentabilidade das empresas.
A recuperação da pandemia ainda não está concluída. “Com a Covid, os preços subiram, mas os lucros desceram”, referiu o presidente do EuroCommerce, acrescentando que, no retalho não alimentar, “os preços de venda de 2019 ainda não foram recuperados”.
Quanto ao mercado único, Juan José Morales apelou à sua concretização real e não meramente formal. A ausência de um verdadeiro mercado interno europeu continua a gerar ineficiências e sobrecustos para o sector.
Um estudo recente da McKinsey, encomendado pelo EuroCommerce e intitulado “The State of Grocery Retail 2025”, indica que o sector terá de investir até 600 mil milhões de euros, até 2030, para concretizar uma tripla transformação: 335 mil milhões em sustentabilidade, 230 mil milhões em digitalização e 35 mil milhões em talento. Todos estes investimentos acrescem a um contexto já marcado por exigências elevadas. Como sublinhou Juan José Morales, “o consumidor quer mais por menos. Quer sustentabilidade, mas sem pagar mais por isso”.
A complexidade regulatória aumenta essa pressão. Exemplo disso é a recente aprovação, pelo governo espanhol, da redução do horário laboral — uma medida que, segundo o líder do EuroCommerce, traduz-se diretamente em mais custos para as empresas. “A regulação implica custos e isso significa uma cadeia de valor menos eficiente do que poderia ser”.
Entre a regulação e a realidade
A recente intervenção de Juan Manuel Morales no APED Retail Summit destaca preocupações que ressoam com os temas abordados na entrevista publicada na edição n.º 92 da Grande Consumo. O presidente do EuroCommerce enfatiza a necessidade de equilibrar as metas de sustentabilidade e digitalização com a realidade operacional das empresas, especialmente das PMEs, que muitas vezes enfrentam dificuldades para atender a essas exigências sem comprometer sua viabilidade económica.
Além disso, Juan Jose Morales destaca a importância de criar um verdadeiro mercado único na Europa, argumentando que a fragmentação atual resulta em ineficiências e custos adicionais para o sector.
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