in

Preços dos alimentos deverão começar a descer

Foto Shutterstock

Embora os consumidores continuem a sentir a pressão do aumento dos preços dos alimentos, há indícios de que a inflação poderá ter atingido o pico, embora a situação permaneça volátil, sugere uma nota informativa do Barclays.

A nota, citada pela European Supermarket Magazine, observa que o índice de preços dos alimentos da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) atingiu o pico em abril de 2022, caindo por 10 meses consecutivos antes de aumentar no mês passado. De facto, o banco também observa que a inflação média dos preços dos alimentos está a rondar os 20%, com todas as principais categorias de produtos alimentares a subirem entre 15% e 28%. Leite, queijo e ovos (28,4%) e óleos alimentares (27,2%) são as categorias em que a inflação continua mais elevada.

 

5 razões para a descida da inflação

Com base no relatório do Barclays, conclui-se que são principalmente cinco as razões pelas quais a inflação dos alimentos poderá ter atingido o pico.

A primeira são as quedas recentes nos preços dos lacticínios, cereais e óleos vegetais. O recente aumento do índice de preços dos alimentos da FAO pode ser atribuído à força contínua dos preços globais do açúcar e da carne. No entanto, esta situação foi compensada pela descida dos preços dos produtos lácteos, cereais e óleos vegetais. Estas tendências descendentes sugerem que a trajetória global dos preços dos produtos alimentares poderá estar a estabilizar, de acordo com o Barclays.

A segunda razão deve-se ao facto das grandes marcas estarem a ver os custos diminuir. Segundo o Barclays, espera-se que os preços entre as principais empresas de alimentos diminuam para preços médios de um dígito, até ao final do ano, abaixo dos preços de dois dígitos atuais. O banco observa que a Nestlé já começou a ver alguma melhoria na margem bruta, no primeiro semestre do seu ano financeiro, enquanto para a Danon, os custos de certas “commodities” (plástico, custos baseados em petróleo) diminuíram. Ao mesmo tempo, os custos do leite, do açúcar e dos salários continuam elevados.

A terceira razão refere-se à inflação agrícola, que terá atingido um planalto. Este indicador, que serve como um dos principais indicadores da inflação dos preços dos alimentos, estagnou, mas permanece significativamente mais alto do que no ano anterior, nota o Barclays. No entanto, espera-se que os preços mais baixos dos fertilizantes e da energia aliviem os custos nos próximos meses. Um fator que poderá causar interrupções, no entanto, é o El Niño, que poderá alterar os índices pluviométricos e afetar matérias-primas como milho, trigo e soja.

A quarta razão é a redução projetada nos preços dos alimentos. De acordo com o Barclays, o primeiro trimestre deverá ter representado o pico dos preços dos alimentos, com o banco a antecipar uma redução até ao final do ano. Embora os preços de tabela possam não sofrer alterações significativas, espera-se um aumento das atividades promocionais, em especial nas categorias “comoditizadas” e naquelas com maior penetração de marcas próprias.

Finalmente, o banco destaca a atividade do retalho. Vários retalhistas alimentares já procuraram reduzir os preços em algumas categorias. Por exemplo, a Tesco cortou os preços de 30 dos seus artigos essenciais de marca própria, como massas e óleo de girassol, e vale a pena ficar de olho em França, onde o governo está a pressionar para que as negociações anuais de preços entre retalhistas e fornecedores sejam reabertas, para ajudar a reduzir os preços dos alimentos. Segundo o ministro da Economia francês, Bruno Le Marie, isso significa que a espiral inflacionária poderá ser quebrada até ao outono.

 

Volatilidade

“Esperamos que os preços dos alimentos, dentro do crescimento orgânico para os produtores de alimentos, comecem a desacelerar, a partir do pico do primeiro trimestre de 2023”, diz o Barclays na sua nota informativa. “Embora as margens brutas já estejam a recuperar para as empresas de alimentos dos Estados Unidos da América, a recuperação tem sido mais lenta para os ‘players’ europeus, como a Nestlé. Pensamos que isso se explica, em grande parte, pelo maior peso para a Europa e pela natural subrecuperação, devido às negociações anuais de preços (versus preços mais dinâmicos na maioria dos outros países)”.

O Barclays nota, no entanto, que, a cada ano que passa, o aquecimento global está a causar muito mais volatilidade no abastecimento alimentar, o que pode significar que os consumidores têm de se habituar a preços mais elevados dos alimentos durante algum tempo.

Siga-nos no:

Google News logo

ameaça cibernética crianças

6 milhões de cartões de débito roubados encontrados na dark web e mais de 8 mil são de Portugal

Pingo Doce

Pingo Doce associa-se à Campanha Pirilampo Mágico 2023