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Portugueses estão mais preocupados com o ambiente mas não mudam comportamentos

De acordo com o terceiro Estudo do Observatório do Consumo Consciente e com o Índice Nacional do Consumo Consciente (INCC), os portugueses estão mais preocupados com o ambiente, mas sem mostrarem muitas mudanças ao nível comportamental.

Estas e outras conclusões foram apresentadas na primeira conferência do Ciclo de Conferências Green Project Awards (GPA) 2018, realizada em parceria com a DECO e em conjunto com o Fórum do Consumo, a Universidade Lusófona, o IADE-Universidade Europeia e a GfK, que decorreu, na semana passada, no Auditório Agostinho da Silva da Universidade Lusófona, em Lisboa.

Os resultados mostram que os portugueses estão mais preocupados com o ambiente (69% relativamente aos 66% dos dois anos anteriores), mas pouco dispostos a pagar taxas ambientais e com pouca participação social. Ainda usam pouco os transportes públicos nas deslocações diárias, aumentou a compra de automóveis, mas também as boleias.

29% dos portugueses compram alimentos biológicos e 74% adquire alimentos produzidos em Portugal. Quanto aos equipamentos eletrónicos, preferem repará-los em vez de comprar novos. Em 2017, 64% dos portugueses compraram equipamentos eficientes, comparativamente aos 59% do ano anterior. O consumo de água engarrafada diminuiu, passando de 37%, em 2015, para 32%, em 2017, e os comportamentos de reciclagem mantiveram-se inalterados.

Durante a sessão, vários foram os temas debatidos como o “Preço vs Ambiente” por Jorge Cancela, da DECO, para quem “o fator essencial de consumo ainda é o preço e a qualidade. O consumidor nunca associa o produto às emissões de CO2. As associações de consumidores têm um papel fundamental na consciencialização do consumidor, mas este tema não pode recair apenas sobre os consumidores, sendo que as empresas devem ser responsabilizadas. É preciso consciencializar o consumidor que o preço não é só moeda… São as consequências que determinados produtos acarretam e discutir realmente o que é um produto português. Com exceção dos bio, o que devem os outros produtos ter para serem produto português”?

José António Rousseau, moderador e presidente do Fórum do Consumo, acrescentou ainda que é “pela evolução do consumo que estamos aqui, que vivemos com abundância de escolhas. No entanto, o consumo tem sido diabolizado por não ser feito de forma correta. Uma vez que não temos recursos infinitos, sabemos que precisamos de consumir de forma consciente. O consumo consciente devia ser um mantra no dia a dia, em casa, nas escolas e nas empresas”.

Manuela Botelho, secretária-geral da APAN – Associação Portuguesa de Anunciantes, realçou ainda que não é possível exigir à população a resolução de problemas que não estão na sua escala de prioridades. “Em 2007, de uma forma abrangente, os portugueses foram questionados quais eram as maiores preocupações que assombravam o mundo: empregos, pobreza e sustentabilidade económica foram os tópicos mais referidos. É importante compreender que os esforços vão estar sempre virados para as prioridades da sociedade – o dinheiro, não o ambiente! Os portugueses já deram provas que estão conscientes para as causas ambientais e preparados para agir, no entanto, é importante que as empresas saibam comunicar o que estão a fazer e qual o impacto positivo que irão proporcionar”.

O estudo revelou ainda que existe um baixo índice de sensibilização também nas camadas mais jovens, entre os 15 e os 24 anos, apesar do trabalho realizado para os sensibilizar, sendo que são continuamente “bombardeados” com incentivos ao consumismo e informação pouco explícita sobre o consumo consciente.

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