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Portugal precisa de mais imigração se quiser elevar o crescimento económico e o nível de vida

Para entrar no grupo dos países mais ricos da União Europeia até 2033, Portugal deverá crescer 3%, ou mais, ao ano, o que impede uma queda da população de 5,8%, no cenário sem mudança de políticas, e pressupõe mais imigração.

Assim indica o Gabinete de Estudos Económicos, Empresariais e de Políticas Públicas (G3E2P) da Faculdade de Economia da Universidade do Porto (FEP), que apresenta o terceiro e último capítulo do primeiro número da publicação “Economia & Empresas”.

O estudo usa o modelo económico do capítulo anterior para estimar a evolução da população e das suas componentes, a taxa de crescimento natural (a diferença entre a taxa de natalidade e a taxa de mortalidade) e a taxa de crescimento migratório (a taxa de imigração menos a taxa de emigração), nos países da União Europeia, em 1999-2022. Os resultados de estimação, juntamente com a análise de correlações parciais, mostram que a emigração nos países da União Europeia, desde o início do milénio, é sobretudo de pessoas imigradas – atraídas por maiores níveis de vida inicial e dinâmicas de crescimento económico –, que depois saíram ao encontrar melhores oportunidades noutros países, no período de análise, pelas mesmas razões económicas.

Pelo contrário, a emigração de residentes por razões económicas (com menor peso relativo) ocorre sobretudo em países com baixo crescimento económico e nível de vida inicial, além do efeito tradicional, de menor expressão, de saída para países vizinhos de nível de vida similar (alto ou baixo) e crescimento económico associado.

 

Portugal

“Em Portugal, o fraco crescimento económico e o baixo nível de vida inicial explicam a emigração de um terço dos nossos jovens”, salienta o diretor da FEP, Óscar Afonso.

O estudo “contraria, de forma quantificada, o mito de que os imigrantes ‘empurram’ os nacionais para fora do mercado de trabalho e para a emigração”, realçando ainda que a integração dos imigrantes alarga “de forma sustentada” o mercado interno “e, dessa forma, as oportunidades de investimento e emprego para todos”, além do seu contributo positivo para a Segurança Social, apontado em estudos anteriores.

O capítulo revela ainda que os imigrantes tendem a permanecer mais tempo (sensivelmente o dobro, em termos médios) nos países com um nível de vida relativo de partida elevado, por comparação com os países de maior crescimento económico. “Em Portugal, é preciso aproveitar as fases de maior crescimento, como a atual (impulsionada por fatores temporários como o PRR e o ‘boom’ do turismo) para reter os imigrantes atraídos por essa dinâmica antes que se esgote”, acrescenta Óscar Afonso.

 

Crescimento económico

Sem mudança de políticas, o crescimento económico anual previsto de 1,11% até 2033 causa uma queda estimada da população de 5,8%, bastante acima da perda de 2,1% projetada no “Ageing Report de 2024”, que não usa o modelo económico empregue.

No entanto, se Portugal crescer 3% ao ano via reformas estruturais – o mínimo para atingir a metade de países mais ricos da União Europeia em 2033 –, a subida da taxa de imigração média para 1,321% permite compensar o saldo natural negativo e estabilizar a população. Trata-se de uma taxa de imigração acima do pico de 1,13% atingido em 2022.

“Uma economia mais dinâmica e um maior nível de vida pressupõem que Portugal se organize para acolher um fluxo ainda maior de imigrantes no futuro de forma controlada, incluindo mecanismos ligados à evolução económica, como o requisito prévio de um contrato de trabalho e a auscultação das necessidades de trabalhadores das empresas, acompanhados de uma fiscalização adequada”, conclui o diretor da FEP.

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Por Carina Rodrigues

Responsável pela redacção da revista e site Grande Consumo.

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